Duas semanas após o assassinato do radialista cearense Gleydson Carvalho, na cidade de Camocim (373Km de Fortaleza), novas revelações sobre o crime apontam nomes de suspeitos no caso, muito embora a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) venha se mantendo em completo silêncio acerca do crime. A revelação do nome do suposto contratante dos matadores reforça a tese de que o assassinato teve motivação política, mas falta, ainda, sua prisão, a dos matadores e a do mandante.
O site “180 Graus”, do estado Piauí, publicou, ontem (19), informações dando conta de que o provável intermediário na contratação dos assassinos é um homem identificado como “Batista Dentista”, tio do prefeito do Município de Martinópole, James Bell (PMDB), a quem o radialista constantemente fazia pesadas críticas e graves denúncias de desmandos administrativos.
Também foi revelada uma importante informação. A de que, após praticar o crime, os pistoleiros foram se refugiar em uma casa instalada dentro da propriedade rural pertencente a um deputado estadual do Ceará. A fazenda está localizada numa região chamada Serrota, área de difícil acesso situada na zona rural do Município de Senador Sá, a cerca de 85 quilômetros de Camocim. O deputado dono da fazenda é o mesmo que dirigiu ofensas ao radialista assassinado durante uma sessão da Assembleia Legislativa. Trata-se de Manuel Duca da Silveira, o “Duquinha”, conforme o site “180 Graus”.
Manuscritos
Papéis com diversas anotações sobre as investigações foram fotografados pela equipe de reportagem do site durante uma entrevista com o delegado-regional de Polícia Civil de Camocim, Herbert Ponte Matias. Neles, constam indicações sobre a apuração do caso, como nomes dos supostos envolvidos na morte do radialista. Entre as anotações estão dados imnportantes como: “ligação feita pelo Batista Dentista para o estado do Pará para contratar o pistoleiro Israel Marques Carneiro, vulgo “Baixinho”, que estava morando naquele estado, na cidade?? Perguntar a Gisele”.
“Gisele”, cujo nome está escrito num dos papéis na mesa do delegado Herbert Porte, seria a jovem Gisele de Sousa Nascimento, presa no dia seguinte ao crime juntamente com seu companheiro, Francisco Antônio Carneiro Portela. Os dois haviam supostamente alugado uma casa na fazenda que seria do deputado Duquinha, em Senador Sá, e foi lá que os pistoleiros “Baixinho” e Tiago foram se esconder após terem invadido a Rádio Liberdade FM, em Camocim, e fuzilado o radialista Gleydson Carvalho, no último dia 6.
No depoimento que prestou à Polícia, Gisele contou que os pistoleiros chegaram na casa, em Serrota, por volta de 23h30 do dia 6, portanto, cerca de nove horas após o assassinato. Lá eles iriam pernoitar, mas ainda de madrugada a Polícia apareceu.
A mulher contou também que os pistoleiros foram deixado na casa por um “coroa”, isto é, um homem já idoso ou de meia idade, que dirigia um carro pequeno, de cor prata, o que reforçou a informação de que os assassinos abandonaram a moto utilizada na fuga após o assassinato.
Os assassinos estavam na casa no momento em que esta foi cercada pela Polícia Civil, no começo da manhã do dia 7, mas conseguiram fugir. Gisele e Francisco acabaram detidos. Na residência foram encontradas duas armas de fogo (revólveres de calibre 38 que teriam sido utilizados na pistolagem), além de dinheiro e uma foto do radialista.
“Batista Dentista” surge como suspeito de ter contratado, ao menos, um dos pistoleiros, no caso o paraense Israel Marques, o “Baixinho”.
Cerco?
Sobre o fracasso no cerco aos pistoleiros, há indagações que não foram ainda respondidas. Os criminosos teriam fugido facilmente pelos fundos da residência quando os policiais civis (apenas quatro homens) chegaram pela frente. Eles não pediram apoio à PM para cercar todo o perímetro da casa, o que acabou resultando na fuga dos suspeitos.
Em nota dirigida ao Portal “180 Graus”, a SSPDS teria informado a seguinte versão: “A Polícia Civil do Estado do Ceará informa que, em relação ao homicídio do radialista Gleydson Cardoso, ocorrido no início da tarde do último dia 6, na cidade de Camocim, a ocorrência é apurada pela Delegacia Regional do Município. Com a identificação dos cinco envolvidos no delito, a Polícia Civil eluciou o caso. Dos cinco partícipes, foram presos Gisele de Souza Nascimento (23) e Francisco Antônio Carneiro Portela (18), ambos sem antecedentes criminais,que deram apoio ao crime”.
Ainda de acordo com o órgão, há suspeitas de que os dois autores do crime (os pistoleiros) estejam envolvidos em outro homicídio, ocorrido em novembro de 2014, na cidade de Marco.
Blog do Fernando Ribeiro
