A Prefeitura de Russas, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte (SECULTE), presta uma merecida homenagem ao poeta russano Dimas Mateus, que faleceu na sexta-feira, 27 de agosto. A pasta, por meio do seu gestor Frank Lourenço, escreveu uma mensagem em alusão ao grande poeta. Confira na íntegra.
AO GRANDE MENESTREL
Por: Frank Lourenço
Na tarde de sexta-feira 27 de agosto de 2021 Russas perdia mais um dos seus grandes artistas, nessa noite encantou-se o Poeta maior, Gerardo Dimas Mateus ou simplesmente Dimas Mateus, poeta de rima fácil, de voos rasantes, pensamento ágil e versos ligeiros, era um tecelão de oralituras.
Seu Dimas era um construtor de sonhos, um militante incansável da cultura, um defensor da cantoria de viola e da poesia popular. Diversas vezes fomos juntos a Brasília para as Conferências Nacionais de Cultura e em vários outros momentos, o encontrei na esplanada dos Ministérios, em busca de recursos para sua tão sonhada Casa do Cantador do Nordeste, erigida com muito esforço no Bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Casa que, na verdade, é um centro cultural com auditório para apresentações, biblioteca e alojamentos para cantadores de passagem pela cidade.
Seu Dimas era um homem alegre, sempre de bom humor e sorriso nos lábios, atento a todos os movimentos de seu tempo, ligeiro no repente e experiente nas negociações com políticos e com os órgãos públicos, sempre na busca por melhorias para a categoria.
Partiu um baluarte, um líder, um visionário. Russas, Ceará e o Nordeste perdem um grande menestrel e um incansável timoneiro que agora vai arregimentar em outra dimensão uma legião de poetas e aqui vai continuar inspirando com seus exemplos de artista e militante, novos poetas e trovadores…Que o sonho de um mundo melhor, com mais arte e poesia continue nos anseios dos jovens artistas, que despontem novos Dimas, para que a luta por liberdade e paz nunca cesse.
Viva o toque da viola!
Viva o repente!
Viva a poesia e os poetas populares!
E nesse clima de deferência a esse grande Menestrel, convido três poetas jovens que foram atravessados e afetados pelo Grande Dimas Mateus para juntos prestar-lhes essa homenagem em forma de poesia:
Dimas Mateus é poeta de fibra, de peleja, poeta de briga.
Dimas Mateus é poeta de classe, poeta operário, poeta construtor.
Dimas Mateus é poeta de rua, é poeta de casa.
Dimas Mateus é a casa do cantador.
Dimas Mateus é poeta da sede, poeta da rede, poeta martelo.
É poeta cangaceiro, poeta romeiro, poeta parabelo.
Poeta menino, do sertão de Dom Lino, do vale do rio seco.
Dimas Mateus é cheio de verso no reverso do medo.
Dimas Mateus das Catirinas, dos reisados da terra menina.
Poeta das pedras russas, terra de histórias turvas,
dos homens do disse não disse,
mas terra do poeta Francisco, do corisco da voz do Leite e do mundo Liduíno.
Dimas Mateus é o caminho do Rio Jaguaribe, é o alpiste do passarinho cantador.
Poeta a quem peço a benção por cada verso meu mais diferente,
poeta valente da lira que embola, ligeiro na faca repente,
santo que mora no ventre maravilhado da viola.
Alan Mendonça
Escritor e compositor
Dimas Mateus de tantas rimas e versos
Acompanhados pelo dedilhar da Viola
Que fazia da sua arte uma bandeira de luta
Sempre hasteada e fincada por onde passava
Resistindo e insistindo, para a cultura popular manifestar.
A viola hoje calou, seus dedos não tocam suas cordas, e se pudesse se expressar, com certeza iria chorar.
Chora viola, chora cultura, chora toda criatura que aprendeu com os versos seus o valor de um poeta popular.
Hoje o silêncio da Viola nos toca.
Quem tocava a viola e verbalizava uma rima inspirada, agora virou uma inspiração nos versos do cordel da saudade.
Ricardo Torres
Comunicador
A VIDA DE UM POETA.
A vida de um poeta
É um labirinto sem formas
Sem medo cria suas normas
De criar formas concretas
Pra falar em linhas retas
Tudo que as pareça “tortas”.
Na vida de um poeta
Tudo é mero desafio
Do vazio cheio de brio
Gostoso do improviso
D’onde tira do juízo
O seu brilho reluzente
Falo de forma discreta
Há quem diga que um poeta
É deus disfarçado de gente.
Mas acredite, meu povo
O poeta sente dor
Quando vê seu professor
Partir para a eternidade
Dos versos fica a saudade
Na voz que ficou marcada
Sem puder ser completada
Canto agora pela metade
De tudo isso a verdade
Que me traz certa Alegria
Vivo agora a nostalgia
De um ser que se faz Forte
Pois um poeta “inté” na morte
VIVE!
em estado de poesia…
Kennedy Costa
Regente/técnico da SECULTE.