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Fotos do reservatório tiradas em expedições da Funceme, do mesmo ponto, em outubro de 2015 e novembro de 2016 revelam como as águas do Castanhão estão secando rapidamente ( Fotos: Bruno Zaranza e Juliana Oliveira ) |
Jaguaribara. O Castanhão, maior reservatório do Ceará, está a 100 dias de atingir o volume morto, isto é, a reserva mais profunda. A partir desse nível, a liberação de água deixa de ser por gravidade e há necessidade de bombeamento para a transferência para o Rio Jaguaribe, Eixão das Águas e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), além do Complexo Portuário do Pecém.
Bombeamento
"A situação é muito grave e o sinal de alerta foi dado. Está em andamento o estudo para a instalação da unidade de bombeamento, mas o projeto ainda não foi concluído", disse o coordenador interino do Complexo do Castanhão, Fernando Pimentel.
Segundo Pimentel, a instalação e operação da estação de bombeamento é de responsabilidade da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) administra o complexo do Castanhão, que é federal, mas o gerenciamento e operacionalização do uso da água são feitos pela Cogerh.
O Castanhão acumula cerca de 5,3% do volume total que é de 6,7 bi de metros cúbicos. Atualmente está com 350 mi de m3. Quando chegar a 250 mi de m3 atingirá o volume morto. "É uma conta simples, direta, a barragem libera cerca de um mi de m3 por dia, logo, em cem dias chegará ao volume morto", explicou Fernando Pimentel.
O Castanhão deve atingir o volume morto no fim de fevereiro de 2017, mas como frisou Pimentel, caso não ocorra recarga no reservatório por meio de chuvas. A quadra chuvosa no Ceará (fevereiro a maio) está indefinida. Não há mais configuração do El Niño (aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico), mas o La Niña, fenômeno inverso, que favoreceria a ocorrência de chuvas no sertão cearense, perde forças. Outro indicador, o Oceano Atlântico Sul Equatorial permanece com temperaturas neutras.
O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio, disse anteontem, na abertura do Seminário de Avaliação da Seca de 2010 a 2016, no Semiárido Brasileiro, realizado, em Fortaleza, que a situação permanece indefinida. Somente na segunda quinzena de janeiro, a Funceme irá divulgar o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa de 2017.
Desde setembro, o Açude Orós libera água para o Castanhão pelo Rio Jaguaribe. Em novembro, a vazão foi ampliada para 16m3/s. O Orós está com 16% da capacidade, de quase 2 bi de m3. No fim deste mês, deve chegar a 10% e no fim de janeiro ao volume morto.
Diário do Nordeste