Pela primeira vez, o ex-governador falou sobre a inviabilidade da aliança com o Senador na disputa deste ano
Cid Gomes (PDT), ex-governador do Ceará e avalista da candidatura à reeleição do governador Camilo Santana (PT) confirmou, ontem, a informação dada no dia anterior pelo Diário do Nordeste, de que o senador Eunício Oliveira (MDB) não fará parte da chapa majoritária de Camilo. As declarações de Cid foram dadas logo após a missa em que Camilo comemorava os seus 50 anos de idade, inclusive com a presença de Eunício.
O ex-governador, que recentemente recebeu Eunício em seu apartamento, após alguns anos de afastamento em razão da própria candidatura de Camilo a governador, em 2014 (Eunício queria ser o candidato), disse não apoiar uma aliança política entre o governador e o senador Eunício Oliveira.
A "preocupação" de Cid é que uma eventual coligação de seu partido com o MDB no Ceará prejudique a candidatura nacional de Ciro, um dos principais críticos da sigla emedebista. Antes da manifestação pública de Cid, Ciro, em reiteradas oportunidades já havia se posicionado contra tal aliança. Ele e Eunício trocaram acusações virulentas desde o rompimento político deles em 2014, até recentemente.
Os irmãos Ferreira Gomes participaram, ontem, de uma missa, no Santuário Nossa Senhora da Assunção, em Fortaleza, para comemorar o aniversário de 50 anos de vida do governador Camilo Santana. O senador Eunício Oliveira também estava presente na cerimônia religiosa, mas permaneceram em lados opostos. Ciro saiu mais cedo, antes da metade da missa. Cid, por sua vez, chegou pouco tempo depois do início do ato e ficou até o final da celebração, assim como Eunício, mas sem contatos.
Registrado
Embora aliados do governo estadual já tratem a aproximação "institucional" entre Eunício Oliveira e Camilo Santana, que disputaram a eleição em 2014, como uma aliança política, dando como certa uma das vagas ao Senado para o emedebista, não é bem assim que vê a situação lideranças do grupo governista.
Ontem, pela primeira vez, Cid Gomes, um dos principais articuladores da campanha à reeleição de Camilo Santana, e da candidatura de Ciro à Presidência da República, foi enfático ao ser perguntado sobre a aliança para permitir Eunício compondo a chapa majoritária de Camilo, ao afirmar que ela não existiria.
Antes, quando ele falava sobre a aproximação do governador e do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), com o senador Eunício, Cid declarava que ela era apenas administrativa, com o senador defendendo interesses do Ceará junto ao Governo Federal, embora essa aliança pudesse evoluir para o campo político-partidário, dizia.
Na edição do último sábado deste jornal, está registrado que Cid Gomes pode ser o único candidato ao Senado na chapa de Camilo. Neste ano, pelo fato de cada Estado eleger dois senadores, os partidos ou coligações poderão apresentar dois candidatos ao Senado. Camilo gostaria de votar em Eunício. Só tendo um candidato na sua chapa ele poderá pedir que seus liderados votem no senador.
Arco grande
A decisão de Cid em não aceitar a coligação com o MDB, é muito mais por conta do cenário nacional. "Claro! Essa é uma preocupação que a gente tem. Eu defendo aqui que a gente lance só um candidato ao Senado e não faça coligação com o MDB, isso é o que eu defendo, mas eu sou um membro de um arco grande de aliança", afirma.
No último mês de abril, durante visita ao Sistema Verdes Mares, o próprio Ciro declarou que não havia assimilado possível aliança entre o governador Camilo Santana e o senador Eunício Oliveira. Quando questionado sobre sua participação no palanque, o pedetista afirmou que seria improvável aparecer em fotos ao lado do emedebista.
Em seguida, no mês passado, em programa de televisão, em rede nacional, Ciro rechaçou fazer aliança com a "quadrilha do MDB". Ele disse que governar com o apoio do partido é o "caminho do fracasso sem falta".
O presidente do PDT no Estado, deputado André Figueiredo, também presente à cerimônia religiosa de ontem, reconheceu existir uma aproximação "inegável" entre Camilo Santana e Eunício, mas que a discussão de uma provável aliança dele com o grupo governista ainda não foi "aberta". "Existe essa aproximação, uma aproximação administrativa, que tende a se tornar eleitoral também. Nós vamos discutir no momento adequado".
Inegociável
Por outro lado, Figueiredo disse que o partido não vai abrir mão de ocupar uma das duas vagas ao Senado na chapa governista. "Isso é inegociável, nós queremos discutir com as outras forças, representando a proporcionalidade de cada uma delas, mas sem abrir mão de uma das duas vagas do Senado", pontuou. Vaga essa que deverá ser disputada por Cid Gomes.
"Uma eventual candidatura minha só existirá se for ao Senado, eu não serei candidato a nenhuma outra coisa, quero aqui afastar qualquer outra especulação. Eu só serei candidato, se for, a senador e vou decidir isso ouvindo o partido, ouvindo a base no momento certo. Agora é hora pra gente concentrar no Camilo, e a nível nacional concentrar no Ciro", apontou.
Ainda segundo Cid, as articulações em torno do apoio à candidatura de Ciro estão avançadas com o PCdoB e o PSB. "O natural é que os partidos esperem um pouco mais pra formalizar alianças. Claro que vai se formando um espectro de simpatias e afinidades e, nesse campo, nessa categoria, incluímos o PSB e o PCdoB, respeitando, naturalmente, se a disposição deles for de lançar a Manuela (D'ávila). Se houver a Manuela, a gente (deve se tornar aliado) no segundo turno".
"Eu tive uma conversa com o presidente nacional licenciado do PSD, ex-prefeito Kassab. Eu nem ia tratar de questão nacional, fui tratar da questão aqui no Estado, mas ele foi muito claro que vai votar no primeiro turno no governador Alckmin, inclusive, o partido (dele) deve fazer coligação com ele", contou.
Red; DN