Por Miguel Martins
O secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Irani Ramos Braga, disse ontem, em visita ao Ceará, que o Governo Federal tem a perspectiva de manter todos os fluxos financeiros regulares e dar ênfase às obras que trarão resultados para a questão da segurança hídrica em 2015. Ele tentou amenizar os ânimos de parlamentares que se mostraram preocupados com um possível corte em recursos para obras importantes no Nordeste, como a Transposição do Rio São Francisco e Eixão das Águas.
“O Governo tem perspectiva de manter todos os fluxos financeiros regulares, e dar uma ênfase maior naquilo que terá um resultado no abastecimento e na segurança hídrica para este ano”, disse ele, ontem, quando compareceu à Assembleia Legislativa para participar de sessão especial que visava debater políticas de convivência com a seca. Ele disse ainda que medidas emergenciais serão tomadas quando necessárias forem.
Para ele, é preciso fazer um bom uso dos recursos públicos, destacando que a oferta da água, em 2015, é prioridade. “Temos demandas para otimizar, cronogramas. E a Transposição (de águas) do São Francisco é prioritária para o Ministério da Integração Nacional que trabalhará com afinco no Eixo Norte, e entregará a obra para o Ceará em 2016”, prometeu ele, destacando que todos os cronogramas serão mantidos, assim como os investimentos em obras estruturantes.
Ele informou ainda que o ano de 2016, mesmo que fique dentro da média no período chuvoso, será de preocupação para os estados que passam por estiagem, uma vez que os reservatórios permanecerão abaixo do ideal. Segundo disse, isso se dá devido aos anos passados onde a estiagem foi intensa não somente no Ceará, mas em outros estados do Nordeste.
Curto prazo
Os reservatórios de água devem permanecer abaixo do ideal em 2016, de acordo com painel apresentado pelo secretário, ontem, sobre o monitoramento da seca na região. Conforme informou, medidas a curto prazo, como a utilização de carros-pipa devem ser mantidas. Em todo o Nordeste são 6300 carros-pipa para atender 753 municípios nos nove estados que compõem a região, sendo 1229 somente no Ceará, atendendo a 108 cidades
“Nossa preocupação, e a preocupação dos governos estaduais, se dá porque estamos vindo de uma seca e os reservatórios estão em níveis baixos. A perspectivas não sabemos, mas nós temos que torcer para o melhor e nos preparar para o pior”, disse, ressaltando que os reservatórios tendem a ficar abaixo do ideal em 2016, por isso é necessário que medidas sejam tomadas para minorar a situação.
O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, disse que há possibilidade de 2016 ter chuvas abaixo da média, mas essa é uma perspectiva que não pode ser mostrada agora, uma vez que outros fenômenos podem interferir na avaliação.
Fenômeno
No entanto, ele ressaltou que em 2013 já havia uma preocupação da Fundação em relação ao ano de 2015 devido aos modelos que indicavam o fenômeno El Niño, que tinha tendência de aumentar até o fim de 2014. Não temos perspectivas para 2016, mas os estudos mostram preocupação com próximos dois anos”, disse receoso.
O deputado Welingotn Landim (PROS), se mostrou preocupado com a informação e disse que os governos Federal, Estadual e municipais têm que ter uma atenção especial para o fato, que ele lembrou ser “inédito” na história do Estado. “Isso não existia nem no pensamento do mais experiente no assunto. Algumas coisas não podem deixar de acontecer, como a Transposição do São Francisco e o Cinturão das Águas”, lembrou o parlamentar, que foi relator da comissão Especial da Seca.
Ele lembrou que alguns temas foram esquecidos no relatório apresentado, na última quarta-feira, pelo governador do Estado, Camilo Santana, como a recuperação de poços profundos e a distribuição com energização. “Temos no Estado mil poços profundos que precisam ser recuperados. Se não acontecer e tivermos um período abaixo da média, vamos ter um problema sério”, disse.
Para ele, sem água, em determinadas circunstâncias não se terá adutoras, e a solução será sempre carros-pipa. “Temos que pensar também em um processo de irrigação para gastar menos água, e não se justifica com as grandes obras, em não se pensar no reúso da água e na tecnologia de uma usina de dessalinização. Todo país de semiárido se preocupa em fazer uma usina de dessalinização. Temos que pensar nisso”, disse.
Fonte: Diário do Nordeste