O desempenho dos estudantes cearenses foi destaque no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). De acordo com o indicador, que considera dados de aprovação e performance nas avaliações do Ministério da Educação, o Ceará não só bateu as metas estabelecidas para o ano passado, como também alcançou os resultados mais altos da Região Nordeste no ensino fundamental, tanto nos anos iniciais (1º ao 5º), quanto nos finais (6º ao 9º).
Na primeira etapa, o índice atingido pelo Estado chegou a 5,9, superando a meta de 4,5. O número foi superior ao de estados como Pernambuco (5,0), segundo lugar do ranking nordestino; Piauí e Paraíba (4,9), empatados em terceiro; e Rio Grande do Norte (4,8), em quarto. Já na etapa final, o Ceará alcançou índice de 4,8, também acima da meta, determinada em 4,3. O 2º lugar da região ficou com o Estado do Piauí (4,2), e o terceiro com Pernambuco (4,1). Este último e o Ceará foram os únicos da região a superarem suas respectivas metas no indicador.
Para calcular o Ideb, o Instituto utiliza fontes como o Censo Escolar, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, conhecida como Prova Brasil. A cada levantamento, são estabelecidas metas para estados e municípios, de modo que o índice nacional possa chegar a 6,0 até o ano 2021. Os resultados, publicados a cada dois anos, traçam um panorama da qualidade do ensino do País.
Etapas
O bom desempenho em ambas as etapas do ensino fundamental ocorre pelo 5º ano consecutivo de Ideb. Desde 2007, o Estado supera as metas na avaliação.
Segundo o secretário da Educação do Estado, Idilvan Alencar, resultados satisfatórios do Ceará estão relacionados às estratégias do governo estadual na área, a exemplo da implantação do Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), em 2007. Dentre outras ações, a iniciativa prevê mais apoio aos municípios, investimento em materiais didáticos e formação para professores. "Todos os municípios mostraram bons resultados no ensino fundamental e isso se deve à ação conjunta deles e do Estado no Paic", afirmou.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (Faced-UFC), Paulo Meireles Barguil, também atribui parte do êxito cearense ao programa. "O Paic é importante porque toda a educação escolar é baseada na cultura que está em livros. Quanto mais cedo a criança é alfabetizada, mais cedo ela tem acesso a esse repertório", observa Barguil. No entanto, destaca que os números poderiam ser melhores caso houve mais investimento. "O Estado ainda peca na falta de investimento na contratação de professores efetivos no lugar dos substitutos, o que acaba sendo prejudicial".
Além do ensino fundamental, o Ideb também abrange o ensino médio. Nessa fase da educação, entretanto, o Ceará não atingiu a meta, apesar de ter registrado crescimento no índice em relação à avaliação anterior, realizada em 2013. Em 2015, o índice foi de 3,7, quando a meta era 4,2. Este foi o segundo ano consecutivo que o Estado não conseguiu superar o objetivo.
O secretário da Educação afirma que a dificuldade é nacional e decorre de problemas acumulados desde a formação inicial dos estudantes. Conforme ele, a aposta do governo estadual para reverter o baixo índice é a implantação do tempo integral e a união entre ensino médio e ensino profissionalizante. "Acreditamos fortemente que o tempo integral muda. Temos experiencias no Ceará com 115 escolas profissionalizantes. Quando isolamos resultados dessas unidades nas avaliações, há um desempenho muito melhor e percebemos menos evasão escolar", diz.
Município
Assim como o Estado, Fortaleza obteve resultados individuais acima da média estabelecida no ensino fundamental em 2015. Em ambas as etapas, anos iniciais e finais, as metas foram atingidas na rede pública de ensino em geral. Na primeira fase, a Capital alcançou índice de 5,4, pouco acima da meta (4,7). Já na fase final, o índice chegou a 4,2,superando a meta de 4,0.
Este foi o quinto ano consecutivo que Fortaleza bateu as metas do Ideb. Em 2005, nem a primeira nem a segunda etapa do ensino fundamental atingiram os números estabelecidos. De 2007 para 2015, o índice da Capital para os alunos do 1º ao 5º ano passaram de 3,5 para 5,4. No mesmo período, em relação aos estudantes do 6º ao 9º anos, o índice subiu de 3,0 para 4,2.
Diário do Nordeste