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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

SECULTE homenageia poeta russano Dimas Mateus, que faleceu no último dia 27

 

A Prefeitura de Russas, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte (SECULTE), presta uma merecida homenagem ao poeta russano Dimas Mateus, que faleceu na sexta-feira, 27 de agosto. A pasta, por meio do seu gestor Frank Lourenço, escreveu uma mensagem em alusão ao grande poeta. Confira na íntegra.

AO GRANDE MENESTREL

Por: Frank Lourenço

Na tarde de sexta-feira 27 de agosto de 2021 Russas perdia mais um dos seus grandes artistas, nessa noite encantou-se o Poeta maior, Gerardo Dimas Mateus ou simplesmente Dimas Mateus, poeta de rima fácil, de voos rasantes, pensamento ágil e versos ligeiros, era um tecelão de oralituras.

Seu Dimas era um construtor de sonhos, um militante incansável da cultura, um defensor da cantoria de viola e da poesia popular. Diversas vezes fomos juntos a Brasília para as Conferências Nacionais de Cultura e em vários outros momentos, o encontrei na esplanada dos Ministérios, em busca de recursos para sua tão sonhada Casa do Cantador do Nordeste, erigida com muito esforço no Bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza. Casa que, na verdade, é um centro cultural com auditório para apresentações, biblioteca e alojamentos para cantadores de passagem pela cidade.

Seu Dimas era um homem alegre, sempre de bom humor e sorriso nos lábios, atento a todos os movimentos de seu tempo, ligeiro no repente e experiente nas negociações com políticos e com os órgãos públicos, sempre na busca por melhorias para a categoria.

Partiu um baluarte, um líder, um visionário. Russas, Ceará e o Nordeste perdem um grande menestrel e um incansável timoneiro que agora vai arregimentar em outra dimensão uma legião de poetas e aqui vai continuar inspirando com seus exemplos de artista e militante, novos poetas e trovadores…Que o sonho de um mundo melhor, com mais arte e poesia continue nos anseios dos jovens artistas, que despontem novos Dimas, para que a luta por liberdade e paz nunca cesse.

Viva o toque da viola!

Viva o repente!

Viva a poesia e os poetas populares!

E nesse clima de deferência a esse grande Menestrel, convido três poetas jovens que foram atravessados e afetados pelo Grande Dimas Mateus para juntos prestar-lhes essa homenagem em forma de poesia:

Dimas Mateus é poeta de fibra, de peleja, poeta de briga.

Dimas Mateus é poeta de classe, poeta operário, poeta construtor.

Dimas Mateus é poeta de rua, é poeta de casa.

Dimas Mateus é a casa do cantador.

Dimas Mateus é poeta da sede, poeta da rede, poeta martelo.

É poeta cangaceiro, poeta romeiro, poeta parabelo.

Poeta menino, do sertão de Dom Lino, do vale do rio seco.

Dimas Mateus é cheio de verso no reverso do medo.

Dimas Mateus das Catirinas, dos reisados da terra menina.

Poeta das pedras russas, terra de histórias turvas,

dos homens do disse não disse,

mas terra do poeta Francisco, do corisco da voz do Leite e do mundo Liduíno.

Dimas Mateus é o caminho do Rio Jaguaribe, é o alpiste do passarinho cantador.

Poeta a quem peço a benção por cada verso meu mais diferente,

poeta valente da lira que embola, ligeiro na faca repente,

santo que mora no ventre maravilhado da viola.

 

Alan Mendonça

Escritor e compositor

 

Dimas Mateus de tantas rimas e versos

Acompanhados pelo dedilhar da Viola

Que fazia da sua arte uma bandeira de luta

Sempre hasteada e fincada por onde passava

Resistindo e insistindo, para a cultura popular manifestar.

A viola hoje calou, seus dedos não tocam suas cordas, e se pudesse se expressar, com certeza iria chorar.

Chora viola, chora cultura, chora toda criatura que aprendeu com os versos seus o valor de um poeta popular.

Hoje o silêncio da Viola nos toca.

Quem tocava a viola e verbalizava uma rima inspirada, agora virou uma inspiração nos versos do cordel da saudade.

 

Ricardo Torres

Comunicador

 

A VIDA DE UM POETA.

A vida de um poeta

É um labirinto sem formas

Sem medo cria suas normas 

De criar formas concretas

Pra falar em linhas retas

Tudo que as pareça “tortas”.

 

Na vida de um poeta

Tudo é mero desafio

Do vazio cheio de brio

Gostoso do improviso

D’onde tira do juízo

O seu brilho reluzente

Falo de forma discreta

Há quem diga que um poeta

É deus disfarçado de gente.

 Mas acredite, meu povo

O poeta sente dor

Quando vê seu professor

Partir para a eternidade

Dos versos fica a saudade

Na voz que ficou marcada 

Sem puder ser completada

Canto agora pela metade

De tudo isso a verdade

Que me traz certa Alegria

Vivo agora a nostalgia

De um ser que se faz Forte

Pois um poeta “inté” na morte

VIVE!

em estado de poesia…

 

Kennedy Costa

Regente/técnico da SECULTE.