-->

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Policial civil morto em operação tinha 8 anos de corporação e deixa mãe de cama, vítima de AVC

André Frias, de 48 anos, foi atingido na cabeça por um disparo de fuzil. Segundo a polícia, o tiro partiu do alto de um terraço atrás de um muro de concreto com furos para atiradores. Enterro é nesta quarta.

Por Leslie Leitão e Marco Antônio Martins, G1 Rio

 


Policial civil André Frias, morto na operação desta manhã de quinta-feira (6), no Jacarezinho, Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

Policial civil André Frias, morto na operação desta manhã de quinta-feira (6), no Jacarezinho, Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

O policial civil André Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, será enterrado na tarde desta sexta-feira (7). Baleado durante operação no Jacarezinho, na quinta (6), ele estava casado desde 2018 com uma policial civil e tinha um enteado de 10 anos.

O policial também era responsável pelo sustento da mãe que sofreu um AVC há três anos e vive sobre uma cama.

Frias participou da apreensão de fuzis no Galeão, em 2017 — Foto: Reprodução

Frias participou da apreensão de fuzis no Galeão, em 2017 — Foto: Reprodução

O agente foi atingido por um tiro na cabeça pouco depois das 6h, quando começou a operação. Ele tinha acabado de descer do Caveirão, o veículo blindado da Polícia Civil.

Às 6h30, o policial chegava para ser atendido no Hospital Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. O agente foi uma das 25 pessoas que morreram na operação desta quinta-feira (6), na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. De acordo com a polícia, 24 eram traficantes.

VÍDEO: Subsecretário Operacional da Polícia Civil fala sobre morte de agente no Jacarezinho
--:--/--:--

VÍDEO: Subsecretário Operacional da Polícia Civil fala sobre morte de agente no Jacarezinho

A decisão de descer do Caveirão e seguir a pé pela favela aconteceu após a equipe que estava no interior do veículo se deparar com barreiras colocadas por traficantes no meio da rua.

Seis policiais desceram do veículo e entraram na comunidade do Jacarezinho a pé. André Frias era um dos últimos da fila de agentes. A partir do momento em que deixaram o Caveirão, a equipe começou a ser alvo dos disparos.

Segundo a polícia, havia uma espécie de casamata, feita de concreto com um buraco para que o criminoso coloque o fuzil e realize os disparos. Foi de lá que partiu o tiro que atingiu o policial.

VÍDEO: operação no Jacarezinho tem intenso tiroteio, com mais de 20 mortos
--:--/--:--

VÍDEO: operação no Jacarezinho tem intenso tiroteio, com mais de 20 mortos

“O policial baleado na cabeça foi alvejado de uma construção de concreto. Havia várias dessas na favela. Eles se planejaram. Tiveram tempo. Fizeram um bunker de defesa para atacar a polícia”, contou Rodrigo Oliveira, subsecretário Operacional da Polícia Civil.

Dois policiais já estavam abrigados e um terceiro ferido no braço quando um disparo bateu no chão, ricocheteou e atingiu a cabeça de André Frias que estava agachado.

“Se tivéssemos o helicóptero, com câmera e todo o suporte, talvez o policial não tivesse morrido. Talvez tivéssemos menos mortos. Porque ele protege a todo. O helicóptero diminui confronto. Com o helicóptero há menos letalidade”, disse Ronaldo Oliveira, assessor especial da Secretaria de Polícia Civil.

Abrigos construídos por traficantes no interior da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

Abrigos construídos por traficantes no interior da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução