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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Brasileiro prefere obter benefícios

São Paulo. Estudo da seguradora Zurich em parceria com a Universidade de Oxford mostra que 67% do brasileiros preferem benefícios de proteção à renda, como seguros de vida e invalidez, a salários maiores. Realizada com mais de mil pessoas no Brasil, a pesquisa aponta a escolha por salários mais altos em detrimento de benefícios seria a opção só de 19% dos entrevistados. Edson Franco, CEO da Zurich no Brasil, acredita que esse comportamento ocorre pela falta de informação para se planejar por conta própria e por causa da cultura protecionista do Brasil, de que "o Estado poderá resolver". Por outro lado, Franco pondera que a hiperinflação da década de 1980 dificultava o ato de poupar e tirou a capacidade de planejamento de longo prazo.

O pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn, explica que o trabalhador vê os benefícios como parte da remuneração e atribui a eles um valor monetário. A mudança de comportamento, diz, depende do "quanto o trabalhador estaria disposto a abrir mão para receber em dinheiro".

Acesso a serviços

Zylberstajn pondera que os benefícios significam o acesso a serviços por um valor muito mais baixo, mas também "pode limitar o leque de opções e tirar a liberdade de escolha". Para o pesquisador, o alto nível de encargos trabalhistas é um estímulo à concessão de benefícios. A empresa teria um custo maior se desse um aumento salarial no lugar de benefícios. Já o empregado provavelmente teria descontos na folha e dificilmente conseguiria o serviço pelo mesmo valor.

Descuido

O levantamento alerta que os brasileiros podem ser considerados descuidados. No total, 44% dos entrevistados afirmaram que já perderam renda devido à invalidez ou morte de familiar, mas 41% ainda creem que a chance disso ocorrer é de 10%.

Perdas

O educador financeiro da Dsop, Reinaldo Domingos, acredita que esta realidade pode mudar. Segundo ele, os jovens já perceberam o risco de perder renda no futuro, seja por uma doença ou porque vão se aposentar mais tarde. Se as duras regras defendidas pelo governo Temer forem aprovadas, haverá pouca chance de obter o benefício integral.

O cenário de crise dificulta a ampliação de serviços pelas empresas, ao mesmo tempo em que reduz o orçamento para que a população escolha fazer seguros por conta própria. Apesar disso, Franco sustenta que esse é um planejamento de longo prazo "que transcende as discussões atuais". O levantamento revela que 72% dos brasileiros dizem ter recursos para até seis meses em caso de perda de renda.

Fonte DN