-->

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Antiga Jaguaribara reaparece com a seca no Ceará


Desde que começou a ressurgir o que restou da antiga cidade de Jaguaribara, inundada para dar lugar ao açude Castanhão, a localidade, distante cerca de 50 Km da nova sede, recebe quase que diariamente a visita de centenas de pessoas. São, em sua maioria, curiosos para ver o que restou da cidade que a seca trouxe à tona após quatro anos de pouca chuva, além da presença ilustre de moradores que criam coragem para relembrar momentos de alegrias e tristezas.

Andando por entre escombros, a agricultora Maria de Fática Carneiro tenta encontrar em suas lembranças o que ali não existe mais: ruas, praças, pessoas, prédios públicos, sua casinha de taipa na comunidade do Alto. Foi a primeira visita dela ao que restou da velha Jaguaribara, onde vivia com esposo e filhos, dois anos após os primeiros vestígios reaparecerem com a diminuição do nível do Castanhão.

O sentimento de saudade se confunde com a realidade difícil, que ela consegue retratar detalhadamente, como quem gostaria de voltar ao passado. "A vida aqui era uma vida boa, ninguém passava necessidade, a gente passava bem, tinha o peixinho do rio, que a gente pescava pra vender e pra comer, ninguém tinha necessidade e lá onde a gente mora, na Nova Jaguaribara, as coisas são mais difíceis", relatou.

A vida da agricultora era simples: morava numa casinha pequena, de taipa; não tinha televisão, nem geladeira. A água para beber era colhida fresquinha no pote e, mesmo assim, a vida era boa. "Era tudo muito simples, mas assim era bom", completou. Quase nada ficou em pé devido às demolições que faziam parte das ações de desocupação da cidade. O fato que impressiona aos moradores que voltam ao local é o nível da água, que está hoje onde passava o leito do rio.

A reserva de 20% de água do Castanhão deixou toda a zona urbana de Jaguaribara à mostra. Vestígios do balneário, onde os moradores se concentravam nos fins de semana para aproveitar um banho de rio e até da pracinha do Alto da Balança, onde as memoráveis confusões são relembradas com graça por antigos moradores que visitam o lugar, são alguns dos vestígios mais visíveis.

Ruas, canteiros, pontos de ônibus, é o que ainda dá para identificar. Francisco Simão Neto, esposo de Maria de Fátima, rememora o passado: "aqui era o pilar da igreja matriz. Conheci o pessoal que trabalhou. Já vi onde era minha casinha, nem dá pra acreditar que aqui tinha uma marzão de água e agora tá assim", relata 

Ellen Freitas Colaboradora - Informante // DN Foto // DN