Um pastor do Nepal foi sentenciado a dois anos de prisão e à multa de 20.000 rúpias (R$ 929) por dizer que as orações podem curar a Covid-19. A condenação foi proferida nesta semana pelo Tribunal Distrital de Dolpa, com base na lei anticonversão do país. As informações são do órgão de vigilância da perseguição dos EUA International Christian Concern.
Em vídeo viral na internet, o pastor Keshab Raj Acharya aparece orando contra o novo coronavírus em sua congregação:
– Ei, corona, vá e morra. Que todas as suas obras sejam destruídas pelo poder do Senhor Jesus. Eu te repreendo, corona, em nome do Senhor Jesus Cristo. Pelo poder ou governante desta Criação, eu te repreendo. … Pelo poder em nome do Senhor Jesus Cristo, corona, vá embora e morra – declara ele.
O pastor Acharya já havia sido preso pela primeira vez em março de 2020, sob acusação de espalhar informações falsas sobre a pandemia. Ele foi libertado duas semanas depois e detido novamente momentos depois, acusado de “ultrajar sentimentos religiosos” e de “proselitismo”. Acharya só deixou a prisão três meses depois, após pagar fiança de 2.500 dólares (R$ 14 mil).
– Eu pensava em meus filhinhos e em minha esposa e clamava ao Senhor em oração. Eu olharia para Ele na esperança de que, se fosse da Sua vontade, que eu passasse por isso, Ele me tiraria disso – disse o pastor, em entrevista ao Morning Star News, logo após a libertação.
O conselheiro sênior Govinda Bandi, que defende o pastor, disse ao Christian Solidarity Worldwide que a “polícia está agindo claramente fora do escopo da constituição e sem qualquer consideração às regras do processo penal”.
– Parece haver um esforço conjunto para usar as disposições draconianas do Código Penal para atingi-lo, o que também ameaçará a comunidade minoritária mais ampla com sanções penais por praticar sua religião ou crença. Além disso, toda a acusação contra ele é forjada em alegações infundadas e preconceituosas. Esta é, sem dúvida, uma perseguição direcionada e uma caricatura de nosso sistema de justiça – assinalou Bandi.
LEI ANTICONVERSÃO
De acordo com o gerente regional do ICC para o Sul da Ásia, William Stark, “desde que a nova Constituição foi adotada em 2015, os cristãos nepaleses temem que o Artigo 26 e suas leis sejam usados para atingir sua comunidade”.
Apesar de o país se declarar “secular”, ele proíbe o evangelismo ou tentativas de conversão a outras religiões, por meio do artigo 26, que diz:
– Nenhuma pessoa deve se comportar, agir ou fazer com que outros ajam para perturbar a lei pública e a situação de ordem, ou converter uma pessoa de uma religião para outra, ou perturbar a religião de outras pessoas […] tal ato deve ser punido por lei.
Em 2018, o Código Penal estabeleceu que qualquer indivíduo considerado culpado de encorajar conversões será multado em até 50.000 rúpias (R$ 3,7 mil) e preso por até cinco anos.
A organização Portas Abertas coloca o Nepal no 34° lugar em sua Lista Mundial de Vigilância de 50 países onde é mais difícil ser cristão.
(Pleno News)