O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro contábil de R$ 8,73 bilhões no terceiro trimestre deste ano, o que elevou o lucro acumulado de janeiro a setembro para R$ 13,7 bilhões. O relatório com os resultados financeiros da instituição no período foi apresentado nesta quinta-feira (12).
O desempenho positivo foi influenciado pela negociação de participações societárias, que resultaram em ganho líquido de R$ 4,4 bilhões. Somente a alienação de ações da Vale gerou lucro de R$ 4 bilhões. Também contribuíram para os resultados a equivalência patrimonial de empresas coligadas, no total de R$ 1,2 bilhão, e a receita com dividendos e juros sobre capital próprio, que somou R$ 938 milhões.
O patrimônio líquido do BNDES manteve-se, e a instituição fechou o terceiro trimestre em R$ 104,5 bilhões. "Foi um trimestre em que o BNDES performou bem. O banco atuou de forma efetiva e contracíclica, apoiando as pequenas e médias empresas", afirmou o presidente da instituição, Gustavo Montezano.
A venda de ações da Vale ocorreu dentro de um programa que o BNDES vem implementando desde o ano passado. O desinvestimento em participações societárias visa reforçar o caixa para investimentos e reduzir a exposição aos riscos do mercado, explicou a instituição. No primeiro trimestre, também foram negociados R$ 7,6 bilhões em ações da Petrobras. Já no mês passado, a alienação integral dos papeis da Suzano em posse do banco movimentou R$ 6,9 bilhões, valor que terá impacto no balanço do quarto trimestre.
"Até o momento, temos um total de R$ 40,7 bilhões de contribuição dessas operações, com a venda através de diferentes modalidades. Fizemos oferta pública, venda em bloco e operação de M&A [fusões e aquisições]", informou a diretora de Finanças do BNDES, Bianca Nasser. O BNDES ainda tem mais de R$ 50 bilhões em papeis de empresas listadas na Bolsa de Valores, sendo a maioria da Petrobras e da Vale.
A captação de R$ 1 bilhão com a emissão de Letras Financeiras Verdes (LFV) também contribuirá para os resultados do último trimestre do ano. Segundo o BNDES, os recursos levantados com esses papeis vão financiar projetos de geração de energia eólica ou solar que promovam impacto positivo para a sociedade.
Comparações
O BNDES também teve melhora no resultado recorrente, que exclui a volatilidade trazida pela carteira de renda variável e pelos ajustes na provisão para risco de crédito. O período de julho a setembro registrou R$ 2,43 bilhões, 84% acima do valor de R$ 1,32 bilhão do segundo trimestre de 2020 e 5% inferior aos R$ 2,55 bilhões do terceiro trimestre do ano passado.
Em 2019, no acumulado entre janeiro e setembro, o BNDES teve lucro de R$ 16,5 bilhões. Dessa forma, na comparação com o mesmo período do ano passado, o desempenho da instituição de janeiro a setembro registra queda de 16,9%.
Também hoje foram apresentados os dados referentes ao Plano de Estímulo à Aposentadoria (PEA) no BNDES. Implantado no segundo semestre deste ano, o plano teve adesão de 137 empregados, o que significa redução de 5,2% no quadro de pessoal e queda de 6,8% na folha de pagamentos. Estima-se que a economia anual será de aproximadamente R$ 100 milhões.
Ações emergenciais
A instituição divulgou ainda o resultado das ações emergenciais realizadas neste ano em decorrência da pandemia de covid-19. Segundo o BNDES, as medidas somaram R$ 136,6 bilhões e envolveram o apoio a 267 mil empresas, que empregam cerca de 8,8 milhões de pessoas.
As iniciativas buscaram preservar atividades econômicas importantes e viabilizar investimentos no setor de saúde. Uma dessas ações foi o Programa Emergencial de Acesso a Crédito, lançado em conjunto com o Ministério da Economia. Foram oferecidas garantias a operações de crédito para 96 mil pequenas e médias empresas, totalizando R$ 81 bilhões de financiamentos contratados até 9 de novembro.
"Essa linha é uma baita inovação no mercado financeiro brasileiro. Ela atua como uma espécie de seguro para as empresas e fornece garantias para que os bancos possam efetivar seus empréstimos", afirmou Montezano. Dados do BNDES mostram que o crédito às micro, pequenas e médias empresas aumentou 20% de junho a setembro.
(Agência Brasil)