Na prática, o crime organizado arrecadava dinheiro com a venda de bens e oferta de serviços para os presos, além de outras cobranças. A informação foi apurada pela TV Jangadeiro e confirmada pela SAP.
A nova onda de ataques neste mês de setembro é atribuída à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). A motivação seria o fim das regalias dentro dos presídios desde o início do ano, após a mudança na política de administração sobre as unidades penitenciárias – que teria acabado com um esquema milionário de venda e oferta de bens e serviços para os presos que beneficiava as facções.
Um levantamento da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) indicou que um mercado clandestino montado dentro do sistema prisional chegava a movimentar, por mês, cerca de R$ 4 milhões.
Na prática, o crime organizado arrecadava dinheiro com a venda de bens e oferta de serviços para os presos, além de outras cobranças. A informação foi apurada pela TV Jangadeiro e confirmada pela SAP.
Itens como drogas, cigarros, celulares, carregadores, chips, televisores, controles remotos, água mineral, refrigerante, produtos alimentícios e de higiene entravam nas celas mediante o pagamento de altos valores feitos pelos presos ou familiares às facções criminosas.
Cláudio Justa, membro do Conselho Penitenciário (Copen), explica que a descoberta foi na operação Masmorras Abertas. “As organizações cobravam uma espécie de mensalidade das famílias para garantir a preservação da vida daquele interno que, muitas vezes, não estava faccionado. Variava entre R$ 50 e R$ 300. Era a GDE que mais ostensivamente fazia essa mercantilização”.
Também havia a oferta de favores e serviços sexuais, além de prostituição por meio de pessoas infiltradas em dias de visita que entravam como supostas companheiras de presos usados no esquema. O domínio das organizações criminosas nas unidades era tanto, que os chefes cobravam até pelo espaço onde o detento iria dormir. A prática se intensificou ainda mais com a superlotação das unidades.
Uma cama de casal com base e colchão em modelos acima da média do mercado, com molas ensacadas e espuma confortável custa cerca de R$ 2.500. Já no presídio, um pequeno espaço de cimento de 1.80 m x 75 cm de largura, conhecido como comarca, chegava a custar R$ 5 mil muitas vezes sem colchão.
Com a mudança da gestão no sistema prisional este ano, o acesso a regalias e facilidade passou ser combatido. Esta semana, durante o início da onda de ataques, o secretário Mauro Albuquerque ordenou expressamente rigor contra a facção GDE, apontada como autora dos ataques. “Fazer geral em todas as dependências onde tem alguém faccionado da GDE pra fazer e endurecer todos os procedimentos dentro da cadeia”.
O controle sobre as unidades prisionais foi um duro golpe sentido pelo setor financeiro do crime organizado. Facções criminosas que atuam no tráfico de drogas, como o PCC e o Comando Vermelho, não sentiram tanto o impacto, já a facção GDE, que tinha grande parte da arrecadação baseada nas atividades clandestinas dentro do sistema prisional, foi afetada diretamente pelas mudanças. Isso teria motivado os ataques por parte da organização.
O coronel do Exército, Walmir Medeiros, explica o fim das regalias nos presídios. “Celular hoje em dia é uma dificuldade dentro dos presídios. Até um tempo atrás, ficavam todos os presos soltos, agora não, cada um no seu local, aumentou a quantidade de presos traba
(Tribuna do Ceará)