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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Em editorial, o El País alerta: Golpe baixo no Brasil; fraude lança grave sombra sobre o seu futuro imediato

O jornal espanhol El País publicou na quarta-feira (31/08) um editorial intitulado “Golpe baixo no Brasil” em que alerta para os danos que a destituição de Dilma Rousseff pelo Senado pode ter para as instituições brasileiras.

“A destituição da presidenta brasileira, Dilma Rousseff, aprovada ontem pelo Senado do país por 61 votos a favor e 20 votos contra constitui um golpe baixo ao funcionamento institucional de um país que, durante décadas e com esforço, se converteu em exemplo de democracia consolidada para toda a região [América Latina]”, diz o veículo.

Para o El País, os partidos políticos de oposição a Dilma “ajustaram a jogos políticos” o procedimento de impeachment, “sem se importar com o dano que causaria à legitimidade democrática”.

O jornal acredita que o impeachment, mecanismo previsto na Constituição brasileira, só pode ser usado em “casos excepcionais” e “extremamente graves”, visto que pode provocar uma “grave crise política e institucional”.

“Mas este não é o caso com Dilma Rousseff”, afirma a publicação. “Ao ser impossível encontrar uma prova de implicação no escândalo da Lava Jato, uma rede de corrupção generalizada na qual estão implicados destacados membros de partidos que ontem votaram contra ela, os legisladores recorreram a um motivo (…) que, ainda que previsto na Constituição, carece de suficiente força política para justificar a destituição de Rousseff e o trauma e divisão que estão caindo sobre o país”.

Segundo o El País, o fato de Dilma ainda estar habilitada a ocupar cargos públicos — justamente o contrário do que prevê o impeachment, isto é, inabilitação política por oito anos — “demonstra que o Congresso brasileiro aplicou as normas sobre destituição com objetivos bem diferentes aos que a norma determina”.

“Estamos diante de uma fraude de lei que lança uma grave sombra sobre o futuro imediato do Brasil, mais necessitado de unidade perante a crise econômica e política do que de divisões irreconciliáveis”, concluiu o jornal espanhol.

Do Opera Mundi