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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Camilo diz que reajuste concedidos aos servidores foi irresponsável


O governador Camilo Santana (PT) chamou de “irresponsabilidade” o reajuste dos servidores enviado ao Congresso pelo governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e aprovado na madrugada de ontem.

“Vai ser um efeito cascata nos Estados. Tem Estados que estão parcelando salários e não pagando aposentados. Um governo que se propõe a fazer redução de gastos e dar um aumento do porte que foi dado, e sem dialogar com os Estados, eu acho uma irresponsabilidade muito grande”, afirmou Camilo.


A Câmara aprovou o reajuste salarial de 14 categorias de servidores federais. Pelo menos cinco delas já haviam negociado reajuste com a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). O pacote foi apresentado duas semanas após anúncio de rombo de R$ 170 bilhões no orçamento. O impacto total nas contas pode girar em torno de R$ 60 bilhões nos próximos quatro anos.

Junto ao pacote de bondades do governo e em meio a uma crise política, com anúncios e recuos em poucas semanas, há um movimento de Temer e do PMDB no Senado para acelerar o julgamento do impeachment.

Câmara

Embora apoiem as medidas de ajuste fiscal, deputados governistas trabalharam pela aprovação do aumento dos servidores, gerando crescimento de despesa para os próximos anos.

No Ceará, há preocupação com o reajuste do teto do funcionalismo público federal, que gera efeito cascata. “A medida (reajuste) preocupa porque aumenta o gasto de caixa de pessoal no momento difícil de arrecadação. 

Até amanhã (hoje) a gente deve finalizar um levantamento do impacto no Ceará”, disse o titular da Secretário do Planejamento e Gestão, Hugo Figueiredo. De acordo com ele, as próximas decisões serão baseadas, consequentemente, nessa nova realidade orçamentária.

Especialista em economia, o professor Ricardo Coimbra avalia que a decisão de Temer de abrir o caixa do governo neste momento de tensão por causa da Operação Lava Jato “é um mecanismo mais politico do que de zelo pelo gasto público”. 

Para o pesquisador, há contradição no discurso do Palácio do Planalto quando anuncia aumento de despesas em contexto de contenção de gastos. “O governo mostrou que tinha um rombo e, no momento seguinte, gera aumentos bem significativos para todos os níveis”, critica.

Ex-líder do governo Dilma, o deputado federal José Guimarães (PT) afirmou que os reajustes negociados no governo do PT estavam previstos no orçamento de 2016. 

No entanto, a despesa foi acrescida de outros pontos adicionados pela gestão interina de Temer. 

Base do governo, o deputado Danilo Forte (PSB) nega contradição. Segundo ele, o aumento no salário de servidores deve funcionar como um indutor na economia brasileira. (colaborou Eliomar de Lima)

NÚMEROS

R$ 60bi

valor previsto de impacto nas contas públicas nos próximos quatro anos

Saiba mais

Os deputados aprovaram também a Desvinculação de Receitas da União (DRU), que amplia e prorroga até 2023 o mecanismo que permite à União gastar livremente parte de sua arrecadação.

O percentual aprovado foi de 20% até 2015. O governo propôs elevá-lo para 30% até 2023.


O deputado Arnon Bezerra (PTB) defendeu a medida de Michel Temer como uma “necessidade” de governo federal.

O Povo Online