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sábado, 19 de dezembro de 2015

Começa a ser aplicada hoje cobrança para quem não economiza água

A partir de hoje, Fortaleza começa a sentir, de fato, os impactos da estiagem. Além de pagar mais caro pela água que consumir devido a uma revisão tarifária extraordinária, o morador da Capital terá de economizar se não quiser desembolsar, também, multa de 120% sobre o metro cúbico de água excedente à meta estipulada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para cada imóvel.

A proposta é reduzir em 10% a média do consumo, lembra o gerente de Concessão e Regulação da Cagece, João Rodrigues Neto. O arrecadado com as multas do desperdício, segundo ele, será revertido em melhorias do plano de execução de perdas d’água e direcionado para conta específica, monitorada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce) e pela Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle de Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (Acfor).

Para João, os resultados das medidas só podem ser sentidos em janeiro de 2016, e, a partir daí, devem ser publicados mensalmente. Ele explica, ainda, que a redução é uma obrigação para todos de Fortaleza e da Região Metropolitana (RMF). Nos municípios da RMF, o aumento e a tarifa de contingência só serão cobrados a partir de amanhã, 20. “Vamos precisar que todos façam a contenção como forma de evitar o racionamento”, alerta.

Isentos da tarifa de contingência — que atinge somente Fortaleza e Região Metropolitana — estão clientes da Cagece com consumo mensal inferior ou igual a dez metros cúbicos, além de hospitais, prontos-socorros, casas de saúde, delegacias, presídios, casas de detenção e unidades de internato e semi-internato de adolescentes em conflito com a lei. Já o aumento tarifário é para todos os municípios cearenses, exceto Pindoretama.

Adaptação

Otimista sobre a aplicação da tarifa de contingência, o professor do departamento de Engenharia Hidráulica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis Souza, acredita que Fortaleza ainda não deve passar por um racionamento mais pesado como houve na seca de 1993 (veja fac-símiles), mas pode sofrer consequências drásticas se não elaborar e executar plano de gestão consciente. 

“Fortaleza tem sido muito ‘protegida’”, considera. “A infraestrutura construída diminuiu muito o impacto da seca na Cidade. A população esqueceu como é”, continuou. Segundo ele, uma adaptação é necessária para evitar o colapso em caso de prolongamento da estiagem, a exemplo da fabricação e disseminação de produtos e utensílios pensados para reduzir a evasão d’água. Além disso, reforça ser preciso reutilizar e conservar.

Saiba mais

A revisão tarifária extraordinária é justificada pela Cagece pelo aumento nos custos do serviço. Já a tarifa de contingência deve-se à estiagem prolongada que tem diminuído os níveis dos reservatórios do Estado.

Ambas as tarifas variam de acordo com o imóvel, como residências, estabelecimentos comerciais, indústrias e entidades filantrópicas. O consumidor pode checar os números no site da Cagece (http://bit.ly/1T7esQF) e calcular a média própria de consumo em simulador disponibilizado pela Companhia (http://bit.ly/22f1dn2).

O Povo Online