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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Barragem de rejeitos se rompe em Minas Gerais

Uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco rompeu-se nesta quinta-feira, 5, por volta das 16h, entre Mariana e Ouro Preto, a 110 km de Belo Horizonte (MG). O distrito de Bento Rodrigues, que pertence a Mariana, foi alagado. Até as 21h50, haviam sido confirmados 17 mortes e 75 feridos. A previsão dos bombeiros era de que o número de mortes chegasse a 40 - ainda havia desaparecidos. Mais de 50 feridos foram socorridos no local - 13 foram levados para o Hospital Monsenhor Horta, em Mariana, alguns em estado grave.

A tragédia deve transformar-se na mais grave na área ambiental do Estado. Até uma igreja histórica do século 18 e uma escola teriam sido atingidas. Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a situação na região é catastrófica. “Ainda não há condições de saber o número total de mortos”, disse. Uma avaliação completa só será possível na manhã desta sexta.

Em nota, a empresa afirma que “está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente”.

Após o rompimento, a lama atingiu rapidamente o distrito de Bento Rodrigues, destruindo casas e encobrindo ruas e praças. Os serviços de energia elétrica e água foram afetados – não havia nem sinal de celular. Às 20h30, ainda havia pessoas soterradas, conforme os bombeiros. Famílias estavam concentradas na frente do hospital de Mariana à espera de informações de parentes.

O bombeiro Adão Severino Junior, do efetivo de Mariana, disse que nunca tinha visto uma situação tão dramática. “A lama desceu como uma grande enxurrada, arrastando tudo, levando porcos, bois, gente e carro. Não tinha nada que resistisse. Teve casa que não sobrou parede.” Segundo ele, às 21 horas ainda escorria lama dos pontos altos. “Há gente escondida no mato, tremendo de frio e fome. Nosso pessoal não quer suspender as buscas, pois pode ter gente viva no meio da lama”, disse.

Três helicópteros dos bombeiros e das Polícias Militar e Civil seguiram para a região. As buscas avançariam pela madrugada e os desalojados estavam sendo levados para um ginásio esportivo de Mariana. A população estimada de Bento Gonçalves, que fica a 25 km da região central, é de 492 pessoas, residentes em 142 casas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em nota oficial, o governador Fernando Pimentel (PT) afirmou ter recebido com “consternação a informação sobre o rompimento da barragem”. Ele enviou reforços e deverá visitar a região nesta sexta. Já a presidente Dilma Rousseff foi informada do acidente pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e colocou o Exército, o Centro de Desastres e a Força Nacional à disposição para ajudar no socorro. O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, também deve seguir nesta sexta para Mariana.

Causas

O Ministério Público abriu inquérito para apurar as causas da tragédia. Para a imprensa, o promotor Ferreira Pinto destacou que “nenhuma barragem rompe por acaso, não é uma fatalidade”. A região atingida pelo acidente é alvo de exploração desde o período colonial. O início da alteração da paisagem data do século 18, com intenso desmatamento praticado por mineradoras em busca, principalmente, de ferro.

A análise é da própria Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do governo de Minas Gerais. As informações constam de um relatório oficial elaborado em 2013 pela pasta, que atendeu a um pedido da empresa Samarco para aumentar a capacidade de armazenamento de rejeitos da Barragem do Fundão. A outorga tinha validade de seis anos e previa o aumento da pilha de rejeitos com uma barragem de até 152,5 metros.

A secretaria relata que o desmatamento da região foi intensificado nas últimas décadas. “As matas de grande porte foram fragmentadas e substituídas por plantações de eucalipto”. / COLABOROU DANIEL BRAMATTI

MSN