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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Acusado de matar mulher e filha em Paracuru (CE) tinha amante, diz Polícia


Barberena de Moraes, suspeito de matar Adriana Moura de Pessoa Carvalho de Moraes e Jade de Pessoa Carvalho de Moraes, respectivamente mulher e filha dele, tinha uma amante. De acordo com a Polícia, a relação extraconjugal apenas foi descoberta após a tomada de mais de 50 depoimentos durante as investigações do duplo homicídio. Conforme a presidente do inquérito, Adriana morreu sem tomar conhecimento da traição do marido.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), através da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), entrega hoje à Justiça o inquérito que investiga a morte de Adriana e Jade, assassinadas a tiros em Paracuru, na noite de 22 de agosto.

Na tarde de ontem, mais seis pessoas foram ouvidas, incluindo o suspeito do crime e a amante dele. Amigas do trabalho da mulher também prestaram depoimento à Polícia. Socorro Portela destacou, no entanto, que o depoimento da amante não muda o rumo das investigações.

Nesta terça-feira (1º), como conclusão dos trabalhos, peritos também deverão se reunir com a presidente do inquérito e diretora da DHPP, delegada Socorro Portela, para dirimir dúvidas que ainda restaram aos investigadores. O inquérito, então, seguirá para o Poder Judiciário.

Traição

De acordo com a delegada Socorro Portela, Marcelo conheceu a mulher que viria a tornar-se amante no trabalho, em setembro do ano passado. "Eles eram colegas na empresa. A relação teve início em fevereiro e seguiu até o dia do crime", afirmou.

A reportagem apurou que na véspera do crime, Marcelo teve um encontro com a amante. No dia em que o duplo homicídio foi cometido, o casal trocou mensagens. Entretanto, para a Polícia, a mulher não é considerada suspeita do crime. Segundo Socorro Portela, a família da amante era contra o relacionamento dela com Marcelo. Conforme o advogado que representa a família de Adriana e Jade, Leandro Duarte Vasques, a amante também não sabia que Marcelo ainda estava casado com Adriana.

"O cinismo do agressor é tamanho que ele ainda chegou a iludir a jovem, que trabalhava com ele, também construindo uma versão mentirosa para ela, de que ele estaria separado de fato da então esposa Adriana. Inclusive, prometendo a essa jovem que eles iriam morar em Porto Alegre", afirmou Vasques. Para o advogado, Marcelo "é um contador de histórias, um fabricante de versões pinoquianas".

Laudos

Na tarde de ontem, a Polícia apresentou o resultado dos laudos cadavéricos das duas vítimas, da perícia complementar realizada na casa de veraneio e de comparação balística.

De acordo com o perito Charlton Bezerra, os resultados comprovam que a arma encontrada na cena do crime, um revólver de calibre 38, foi de fato o instrumento usado no duplo homicídio. O equipamento estava escondido em um bebê-conforto, também localizado na casa de veraneio de Paracuru.

Também de acordo com os laudos apresentados, as duas vítimas foram mortas dormindo. Primeiro, Adriana foi executada. Jade na sequência.

Por fim, o laudo da perícia complementar expõe que "seria humanamente impossível" que todas as pessoas que estavam na casa não ouvissem os disparos efetuados pelo assassino. No momento do crime, estavam no imóvel, além das vítimas e Marcelo, o irmão e a cunhada do suspeito e três crianças, sendo uma a filha mais velha de Marcelo Barberena e Adriana e as outras duas, filhas do outro casal.

"Segundo Marcelo, o bebê e as outras crianças estavam dormindo e não ouviram os disparos", relatou Socorro Portela. Apesar das revelações, a delegada que preside o inquérito afirmou que "não será necessário" ouvir as crianças. Quanto ao outro casal, Socorro Portela ressaltou que eles não cometeram crime ao mentir em depoimento.

Também nos laudos ficou definido que a casa não foi arrombada, contrariando os primeiros depoimentos dados por Marcelo, o irmão e a cunhada.

Ainda são aguardados dois outros laudos, de DNA da arma, para determinar quem a manipulou, e o residuográfico das testemunhas, que deverão ser entregues até o fim desta semana, de acordo com o perito Charlton, pois "dependem de mais tempo de laboratório".

Dentro dos próximos 20 dias também deverá ser realizada uma reconstituição do crime, na casa de veraneio em Paracuru.

A arma foi herança de familiares e ele costumava portar. O material encontrado na casa dele, no bairro Cocó, eram instrumentos de colecionador e nem todas eram armas verdadeiras.

O crime

Image-1-Artigo-1921239-1Marcelo foi com a esposa e filhas e a família do irmão comemorar aniversário dele na casa de veraneio pertencente aos pais de Adriana, em 22 de agosto. Após as comemorações, houve a discussão entre o suspeito e a vítima. Naquela noite, ele teria pegue o revólver e atirado na cabeça da mulher e nas costas do bebê, que dormia em um berço.

Somente na manhã de domingo, 23 de agosto, a Polícia foi acionada. Marcelo, o irmão e a cunhada diziam que a casa havia sido arrombada por assaltantes, que mataram as vítimas.

Entretanto, após os primeiros depoimentos, a delegada deu voz de prisão em flagrante a Marcelo pelas mortes das vítimas. Após uma perícia complementar, ao local, ele confessou ter atirado e matado mulher e filha.

Na casa dele, no bairro Cocó, foram encontradas nove armas que, conforme a Polícia, são herança familiar de Marcelo, assim como o revólver usado no crime.

Diário do Nordeste