BRASÍLIA - O ministro da Educação, Cid Gomes, enfrentou o plenário da Câmara e repetiu, diante de cerca de 300 parlamentares, que há achacadores entre os deputados, criando assim mais um embate entre o governo e o Congresso. No fim da sessão, após discutir com o deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha(PMDB-RJ), cortou o microfone do ministro, e disse que a Casa não poderia ser desrespeitada. Cid, então, deixou o plenário.
Cunha afirmou que a presidência da Câmara irá entrar com uma ação contra Cid Gomes. O peemedebista também afirmou que irá pedir a abertura de um processo contra o ministro em seu nome:
— Não vou admitir que alguém que seja representante do poder Executivo, agrida não só essa casa, como ainda volte aqui e reafirme as ofensas.
Antes, dirigindo-se ao presidente da Câmara, que na semana passado o qualificou de mal educado por conta das afirmações, o ministro da Educação disse:
— É melhor ser acusado de ser mal educado do que (ser acusado) de fazer achaque.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), pediu, da tribuna, que o governo demita o ministro.
Cid afirmou que não retirava o que havia afirmado durante uma visita à Universidade Federal do Pará (UFPA), de que na Câmara "tem uns 400 ou 300 deputados que quanto pior, melhor para eles. Eles querem que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, aproveitarem as emendas impositiva". No entanto, disse que publicamente ele não dizia isso, mas pensava desta maneira de forma particular.
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— Quem falava ali não era o ministro, mas a pessoa física, que também tem grande respeito pelo Parlamento — disse Cid que, na sequência, atacou os parlamentares da base de apoio ao governo que, na visão dele, age dessa maneira.
— Isso não quer dizer que concordo com a postura de alguns, de vários desses, que mesmo estando no governo têm postura aqui de oportunismo. Partidos de situação têm o dever de ser situação. Ou larga o osso e saia do governo — provocou.
Cid até pediu desculpas, mas seus ataques posteriores, em tom elevado, inflamou o plenário. O presidente da Câmara, que havia lhe concedido 15 minutos a mais para falar, acabou por lhe cortar a palavra. E os líderes parlamentares se sucederam nos ataques.
Mendonça Filho (DEM-PE), por exemplo, lembrou que, em seu discurso, Cid poupou a oposição de suas críticas, dizendo que a esses deputados cabia criticar o governo, enquanto quem estava no governo devia apoiar.
— Como a oposição tem cerca de 100 membros, isso significa que os achacadores estão na base de governo — afirmou..
— Me perdoem, eu não tenho nenhum problema em pedir perdão para aqueles que não comportam desse jeito. Me desculpem, não foi minha intenção agredir ninguém — afirmou o ministro
Cid Gomes foi convocado para esclarecer a declaração que fez durante um evento em Belém. Ele chegou ao Plenário acompanhado de políticos do Ceará e colegas de partido, como o governador do estado, Camilo Santana (PT), e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PROS). Antes do início da sessão, o ministro cumprimentou deputados de outros partidos que já estavam na Casa.
O ministro convocado a prestar esclarecimentos depois de dizer, no início do mês, que há “uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles”, que querem o governo fragilizado para “achacarem mais”.
Ao assumir a presidência da sessão, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu para que quem não fosse deputado federal se retirasse do Plenário:
— Por favor, eu peço que quem for não for deputado federal, e não tiver credencial, que deixe o Plenário e se acomodem na galeria.
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O pedido irritou políticos do Ceará que acompanhavam Cid Gomes:
— Isso é um absurdo, estão colocando os deputados estaduais do Ceará para fora do Plenário, quando forem lá, vamos colocar pra fora também - reclamou o deputado estadual Welington Landim (PROS).
O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (Pros), irmão do ministro da Educação Cid Gomes, aconselhou que seu irmão mantenha a declaração polêmica. Em entrevista ao blog do Eliomar, hospedado no site do jornal “O Povo”, do Ceará, Ciro Gomes disse não se importar se a declaração vai piorar a relação do governo com o Congresso, e defende que seu irmão reafirme sua declaração.
Fonte: O globo