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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PMs acusados de espancar e matar pedreiro são expulsos


A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) decidiu expulsar da Polícia Militar os três soldados acusados do espancamento e morte do pedreiro Francisco Ricardo Costa de Souza. O caso aconteceu seis meses atrás, dia 13 de fevereiro deste ano, no bairro Maraponga.

A expulsão dos PMs Washington Martins da Silva, Dennis Bezerra Guilherme e José Milton Alves Maciel Júnior, que integravam o Ronda do Quarteirão, foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial do Estado e validou a decisão da CGD.

A investigação da Controladoria havia começado em 7 de março. Ricardo tinha 41 anos, era divorciado e pai de cinco filhos. Ao ser preso, confundido com um assaltante, foi espancado pelos PMs, conforme foi apurado. Ele não tinha antecedentes criminais.

A prisão de Ricardo, pouco antes das duas da tarde do dia 13 de fevereiro, foi no meio da rua Francisco Glicério. Uma das testemunhas o reconheceu e avisou à família. Ele morava com a mãe, estava indo para a casa dela naquele momento.

Na rua em que foi surrado, trabalhadores de uma obra próxima e moradores chegaram a ouvir gritos de dor e pedidos de socorro do pedreiro (durante e após a sessão de tortura). Pelo monitoramento, a viatura RD1058 teria parado cerca de meia hora num terreno para onde foi levado pelos PMs.

Os mesmos policiais que o largaram agonizando no local foram os que, após a população chamar o salvamento, atenderam a ocorrência e o levaram ao hospital. A viatura foi acionada por ainda estar próxima.

Segundo a CGD, Ricardo saiu do local já sem vida. Na chegada ao Frotinha da Parangaba, já no fim da tarde, os PMs não informaram nem de onde traziam o paciente. A família soube do paradeiro de Ricardo apenas por volta das 17 horas, avisada pelo hospital.

No laudo pericial, o pedreiro teve edema cerebral, fratura em sete costelas do lado direito e seis do lado esquerdo, hematomas ou escoriações em braços, pernas, tórax, abdômen, perfuração do fígado, lesão pulmonar. Tudo provocado por um objeto contundente, que se acredita ter sido cassetete ou confa (semelhante ao cassetete, mas com o apoio para a mão).

À época, a morte de Ricardo teve bastante repercussão. Principalmente por semelhanças com o “caso Amarildo”, acontecido no Rio de Janeiro em julho de 2013 - em que um ajudante de pedreiro foi preso na porta de sua casa, torturado, também por PMs. O corpo de Amarildo nunca foi localizado.

Apesar do sistema de monitoramento apontar todo o trajeto da viatura, os soldados sempre negaram o crime. À CGD, alegaram em defesa que o rastreamento seria impreciso e que teriam passado antes naquela rua.

Os PMs Washington, Maciel e Guilherme estão presos desde o dia seguinte à morte, no xadrez do 5º Batalhão da Polícia Militar, no Centro. Podem recorrer da decisão da expulsão junto à própria CGD, mas ainda serão julgados pela Justiça Comum. O processo tramita na 1ª Vara do Júri.
Fonte: O Povo