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domingo, 2 de março de 2025

Avanço de Moraes sobre Eduardo Bolsonaro força Hugo Motta a entrar no embate

 DOMINGO, MARÇO 02, 2025  NENHUM COMENTÁRIO

O recente movimento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao consultar a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a possibilidade de apreender o passaporte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acendeu um debate político que reverbera além das fronteiras brasileiras. O parlamentar, que foi o mais votado do Brasil nas eleições de 2022, tornou-se alvo de críticas e investigações por sua atuação no exterior, onde tem buscado apoio de autoridades americanas para denunciar o que chama de "ditadura brasileira". Na visão de Eduardo e seus aliados, há um consórcio entre o governo Lula e o STF que trabalha para sufocar a oposição e minar a democracia. A atitude de Moraes, no entanto, é vista por setores da esquerda como uma resposta necessária às ações de Bolsonaro, que poderiam comprometer a soberania nacional ao tentar internacionalizar a disputa política interna.

Do outro lado do espectro político, o movimento de Moraes gerou repúdio entre diversos políticos no Brasil e nos Estados Unidos, que enxergam a consulta à PGR como uma tentativa de intimidar Eduardo Bolsonaro e cercear sua liberdade de expressão e movimento. Parlamentares brasileiros de alas conservadoras acreditam que tal medida, se concretizada, poderia forçar uma crise institucional. No âmbito legislativo, figuras do centrão nas duas Casas – Câmara dos Deputados e Senado – manifestaram preocupação com a possibilidade de o presidente da Câmara, Hugo Motta (PP-PB), ser colocado em uma posição delicada. Caso a apreensão do passaporte se materialize, Motta poderia ser pressionado a defender os interesses do parlamentar, o que o colocaria em um confronto direto com a Justiça brasileira. Esse cenário é visto como perigoso por aqueles que temem uma escalada de tensões entre os poderes, especialmente em um momento de polarização política no país.

Nos Estados Unidos, a investida contra Eduardo Bolsonaro também não passou despercebida. Políticos republicanos, alguns dos quais já receberam o deputado em encontros para discutir o que ele descreve como abusos de poder no Brasil, criticaram a ação de Moraes como um sinal de autoritarismo. Essa percepção reforça a narrativa de Eduardo, que busca apoio externo para pressionar o STF e o governo Lula. Contudo, a esquerda brasileira argumenta que essas articulações internacionais são uma tentativa de desestabilizar as instituições nacionais e minar a legitimidade do Judiciário. O embate, portanto, não apenas expõe as fraturas profundas na política brasileira, mas também levanta questões sobre os limites da influência externa em questões domésticas, colocando figuras como Hugo Motta e outros líderes do centrão diante de um dilema: ceder às pressões internas e externas ou buscar uma solução que evite um confronto aberto com a Justiça. Essa disputa, longe de ser apenas pessoal, reflete uma luta maior pelo controle do discurso político no Brasil e no exterior.

(Diário do Brasil)