Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, foi condenado nesta quarta-feira (7) a 11 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado de cobrar propina de R$ 3 milhões da Odebrecht para proteger a empreiteira em contratos da Petrobras. Bendine assumiu a estatal em fevereiro de 2015, em meio à Lava Jato.
O juiz Sergio Moro determinou o regime fechado para o início de cumprimento de pena. Bendine está preso preventivamente desde o final de julho de 2017, quando deflagrada a 42ª fase da Lava Jato. A progressão de regime para o crime de corrupção ficará condicionada à devolução dos valores.
Bendine foi absolvido dos crimes de pertinência a organização criminosa e de embaraço à investigação.
Segundo os procuradores, o ex-presidente da Petrobras foi "estrategicamente posicionado pelo governo federal" para "mitigar os efeitos econômicos" da operação sobre as empresas investigadas, "como forma de desestimular a celebração de acordos de colaboração e leniência".
A acusação teve como ponto de partida as delações de Marcelo Odebrecht e do diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. Segundo eles, Bendine se colocou como interlocutor da Presidência na estatal e disse que iria resolver os problemas financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato.
Os pagamentos da propina, de acordo com o Ministério Público, foram feitos em três parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015, por meio do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Em seu depoimento, em novembro de 2017, Marcelo Odebrecht confirmou ter feito os três pagamentos para que Bendine facilitasse assuntos da construtora na Petrobras.
O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, outro réu no processo, disse a Moro, também em novembro, que recebeu propina da Odebrecht e que repassou R$ 950 mil em espécie a Bendine.
Dos R$ 3 milhões recebidos, afirmou que pagou um terço a Bendine, guardou R$ 1 milhão e pagou outro R$ 1 milhão ao empresário Joesley Batista, da JBS, com quem tinha uma dívida.
Segundo o ex-presidente da estatal, a declaração de André "é totalmente mentirosa, visando buscar algum tipo de acordo". "Chega a beirar o ridículo esse depoimento", disse ao juiz Sergio Moro.
O ex-presidente da Petrobras vem negando todas as acusações. Em depoimento, ele disse sofrer um "perseguição brutal", que destruiu sua "integridade moral" e sua família.
Red; DN