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quinta-feira, 16 de junho de 2016

'Don Juan' do CE dizia ter aneurisma e câncer para extorquir mulheres


O "Don Juan" cearense, suspeito de seduzir mulheres pela internet e extorqui-las, dizia para as vítimas que sofria de aneurisma cerebral e câncer de próstata como forma de pedir dinheiro para realizar exames. A estimava da polícia é que o homem tenha feito mais de 30 vítimas no Ceará, Distrito Federal e Goiás, além de outros estados.

Até o momento, cinco vítimas já procuraram a Delegacia de Defesa da Mulher, em Fortaleza , para registrar queixas contra o suspeito, Luís Melo de Sousa, de 49 anos. Conforme a titular da DDM, delegada Rena Gomes foram instaurados dois inquéritos policiais para apurar as denúncias no Ceará. Conforme a delegada, o suspeito poderá ser indiciado por estelionato, extorsão, falsidade ideológica e ameaça. Ele negou as acusações. 

Conforme detalhou uma das vítimas, o suspeito se apresentava como oficial do Exército Brasileiro, lotado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e usa a conversa fácil para enganar as mulheres.

Um outra vítima, que preferiu não se identificar, disse que o homem pedia dinheiro para realizar exames médicos. Outras vítimas informaram à polícia que durante as conversas o suspeito falou que estava com aneurisma cerebral, câncer de próstata, dentre outras doenças. O objetivo conseguir dinheiro das mulheres.

Para a delegada Rena Gomes, todas essas práticas são caracterizadas como crimes. "Ele se passava por uma pessoa diferente do que era para obter a confiança da vítima. Tudo isso se configura como uma questão criminal, pois a vítima deixa de agir de livre espontânea vontade. Depois que as vítimas descobriam e tentavam sair das relações, ele começava a ameaçar as mulheres, o que também configura crime de ameaça", relatou a delegada.

A titular da delegacia da mulher ressaltou que outras possíveis vítimas estão sendo procuradas para que sejam ouvidas. A delegada Rena Gomes acrescentou que, diante dos fatos, poderá ser solicitado um pedido de custódia preventiva.

"Pela conduta criminosa, já podemos pedir uma custódia preventiva, que ficará a cargo da justiça. A princípio, ainda estamos trabalhando para materializar as investigações que estão sendo feitas.

Relatos das vítimas

Em áudios enviados às "namoradas", Luís faz chantagem emocional. “Ei, amor, já tem alguns dias que está acontecendo umas coisas no meu trabalho. Tenho passado mal, assim, tô ficando doente, depressivo, entendeu?”, diz para uma delas. Para outra, um pedido de ajuda financeira. “Eu tô sem cartão de crédito. Meu cartão tá bloqueado. Ficaram de mandar um dinheiro, que é uma ajuda de custo pra mim, não mandaram.”

A uma terceira companheira ele diz que está sem telefone. “Eu comprei um chip aqui do Rio e eu não tenho dinheiro para colocar crédito. Talvez seja melhor você colocar crédito pra mim do que mandar esse dinheiro pra mim, pode ser?”, diz.

Uma outra vítima do estelionatário diz que viveu quase dois anos com João e só descobriu por acaso que o marido não trabalhava em lugar nenhum e que usava ela e outras mulheres para se sustentar. “Ele sempre passava o final de semana comigo e na semana dizia que estava viajando. Quando foi um dia, eu peguei o computador dele aberto, descobri outras mulheres".

Desconfiada, começou a pesquisar. "Entrei em contato com uma, e soube que ele estava pedindo dinheiro para abrir uma empresa. E ela já tinha perdido R$ 40 mil. Ele me usou, da união estável que eu tinha com ele, plano de saúde, meu cartão de crédito com compras de passagens. Eu tive que vender um automóvel para poder pagar as despesas de cartão de crédito e outras coisas que ele me deixou, como multas no Detran e tudo mais".

Um contato foi levando a outro, até que as vítimas descobriram a dimensão do golpe. Elas descobriram que ele fez vítimas, além do Ceará, em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. 

O prejuízo, ainda não calculado, foi milionário, segundo a polícia. A questão é que ele continua solto e fazendo novas vítimas. No grupo formado pelas mulheres, a cada dia aparecem mais denúncias.

Contato com o suspeito

A TV Verdes Mares conseguiu falar com João Luís  através de um telefone com o DDD de São Paulo, repassado por uma das mulheres. Ele não revelou onde estava, negou as acusações e afirma que está à disposição da polícia. “Vai fazer seis anos agora em julho que eu moro no mesmo lugar. Se alguém quiser me encontrar é muito fácil”, afirma.


Enquanto isso, as mulheres enganadas por João Luís seguem na esperança de que ele seja punido. “Na verdade, eu me apaixonei por alguém que não existe”, diz uma delas. “Você amou um fantasma, alguém que não é real”, constata outra.

G1/CE