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terça-feira, 13 de maio de 2014

Comissão vai pedir proteção para viúva e caseiro do coronel Malhães



A presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, senadora Ana Rita (PT-ES), afirmou nesta terça-feira (13) que irá pedir proteção policial à viúva e ao caseiro do coronel reformado Paulo Malhães. O militar foi encontrado morto em abril após criminosos invadirem o sítio onde ele morava, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

O relatório produzido pela senadora Ana Rita detalhando a visita dos parlamentares ao Rio foi lido nesta terça-feira, mas, por falta de quórum, não foi votado pela Comissão de Direitos Humanos. Entre as recomendações do documento, está o pedido de proteção para a viúva Cristina Malhães e para o caseiro Rogério Pires ao Programa Federal de Assistência à Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas.

A morte de Malhães ocorreu um mês depois de ele ter confessado à Comissão da Verdade que torturou e matou durante a ditadura. A Divisão de Homicídios, que investiga o caso, crê em latrocínio – roubo seguido de morte.

A polícia investiga o envolvimento no caso do caseiro Rogério Pires, preso há duas semanas. De acordo com as investigações, ele facilitou a entrada de três bandidos no sítio – dois são irmãos dele. Anderson e Rodrigo Pires estão foragidos. O terceiro homem, que estava encapuzado, não foi identificado.


Na semana passada, num encontro com integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, o caseiro negou envolvimento no crime. Os senadores João Capiberibe (PSB-AP), Ana Rita e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), membros do colegiado, fizeram uma diligência no último dia 6 ao Rio de Janeiro para acompanhar as investigações.

Investigação

Sobre a possibilidade de a morte ter sido um crime político, a senadora disse que “não dá para afirmar com certeza nenhuma hipótese”, mas que não se pode trabalhar com a hipótese de latrocínio sem considerar a “vida pregressa do coronel”.

“Não nos parece que haja elementos suficientes – seja pela natureza e valor dos objetos roubados, seja pela circunstância do crime em si – que autorizem afastar a hipótese de que o assassinato do coronel Paulo Malhães se relacione com seu passado de torturador e com as revelações que fez à Comissão da Verdade”, informa o relatório.

O senador Randolfe Rodrigues disse que o Estado "falhou” ao não garantir a proteção de Malhães após seu depoimento à Comissão da Verdade. Para o parlamentar do Amapá, a morte do coronel poderá inibir potenciais testemunhas de crimes cometidos durante a ditadura.

“A vida do coronel Malhães deveria ter sido preservada após o depoimento. O depoimento dele foi muito rico e, para quem vivenciou tantos anos no período da ditadura e testemunhou tantos fatos, ele certamente ainda tinha coisas a serem ditas”, declarou a senadora Ana Rita.

Fonte: G1