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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Estudante cearense que descobriu asteroide promove competição de identificação de galáxias

 

Foto: Chico Gomes / Divulgação Secitece

Maria Larissa Pereira Paiva, ou Larittrix, como também é conhecida, tem 17 anos e é natural do município de Pires Ferreira, na microrregião de Ipu. Atualmente, ela estuda como bolsista em um colégio particular da Capital cearense e coordena diversos projetos que buscam levar o conhecimento científico para crianças e jovens.

Em 2021, Larissa participou da Caça a Asteróides promovida pela International Astronomical Search Collaboration (IASC), da Nasa. Foi a partir desse projeto que a jovem identificou um asteróide até então desconhecido. Na ocasião, ela submeteu dez possíveis planetas menores para análise, e um deles foi aceito para catalogação.

Apesar de ser um estudo que demanda muito tempo, ela diz que acompanha o processo por meio da plataforma do próprio IASC. Além do asteroide que descobriu no ano passado, desde então a estudante também enviou ao programa outros cinco, que atualmente estão nas fases preliminares de catalogação.

A partir das redes sociais, comunidades e projetos, Larittrix tem sido capaz de auxiliar outras pessoas que também possuem interesse em se aprofundar na astronomia. Por meio desses canais, ela começou a dar palestras em escolas e entrou em contato com outros jovens interessados em participar de projetos e competições.

Com essa rede de pessoas ávidas por descobertas científicas, Larissa viu a chance de estimular uma competição. Propôs, então, entre os seus alunos, que aqueles que identificassem mais galáxias teriam suas conquistas divulgadas por ela em suas redes sociais. A jovem vai divulgar os resultados em breve em um ranking que está sendo montado por ela.

Ela conta que alguns de seus seus mentorados já ultrapassaram a marca de 1.470 galáxias identificadas. Jovens como a pernambucana Maria Laura, de 14 anos, e o paraibano Giovany Arthur, de 17 anos, têm, respectivamente, 3.400 e cerca de 29.400 galáxias identificadas a partir da plataforma Galaxy Cruise.

Ela aconselha, para aqueles que querem começar nessa área, que é importante estar próximo de pessoas que participam desse campo e divulgam oportunidades. Foi assim que ela mesma foi influenciada a participar de projetos e gradualmente aprender mais sobre astronomia.

No entanto, a curiosidade de Larissa nem sempre foi estimulada. "Ser uma mulher na ciência, ser nova, já é uma descredibilização natural," explica. Ela relata que o padrão imposto em seu município "normalmente, para as mulheres, é se casar ou com vereador ou político ou com trabalhador de olaria".

Por isso, ela explica que sempre quer se mostrar um exemplo realista para outras meninas no Interior do Estado. "Eu quero que exista uma rede que apoie as crianças do Interior no sentido do conhecimento delas", declara.

A transformação pelo conhecimento

Quanto ao potencial transformador desse conhecimento, Larissa diz que percebe a mudança na forma que as pessoas enxergam o mundo e a pequenez dos seres humanos a partir dele.

Ela diz que as pessoas começam por entender que vale a pena ter a mente aberta para estudar essa área e cita o cientista, Carl Sagan, em sua obra "O Pálido Ponto Azul": "Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo".

Atualmente, Larissa pretende cursar o ensino superior nos Estados Unidos e quer obter uma dupla graduação, em Astronomia e Astrofísica e Educação e Sociedade. Diz, no entanto, ter a certeza de que quer retornar ao Brasil para continuar a compartilhar conhecimento. 

O povo