Em entrevista ao radialista Luiz Lopes, na Rádio Progresso de Russas, o prefeito de Russas Weber Araújo, deu uma declaração que acabou virando o assunto mais discutido nas redes sociais das últimas 24 horas.
Segundo o áudio da entrevista, o gestor declarou que o Hospital e Casa de Saúde de Russas, teria recebido um oficio do Ministério da Saúde, disponibilizando 10 UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), para serem instaladas naquela unidade, para ajudar no combate ao COVID 19, mas que a direção do hospital recusou os equipamentos, alegando momentaneamente, falta de estrutura adequada.
O assunto ganhou repercussão nas redes sociais, após uma “live” do radialista e pré-candidato a prefeito de Russas, Júnior Gonçalves, que abordou o caso, alegando negligência por parte da gestão do município.
Em sua transmissão, Júnior intercala suas declarações com trechos da entrevista do prefeito na emissora. Logo no início da apresentação, o radialista afirmou que o município teria se recusado receber as unidades. De acordo com o gestor, a recusa de participar do programa federal se deu por parte do hospital e por nao ter condições, estruturais naquela ocasião, para a instalação dos equipamentos .
"O municipio não administra o hospital. A Casa de Saúde de Russas é uma entidade filantrópica, com administração e direção independente. É hospital polo do estado, e portanto, para um nível de atendimento fora da competência da gestão municipal. Por isso existe a UPA que é por nós administrada. Porque nela oferecemos o que é de nossa competência. Nos administramos os PSFs e a UPA, dentro do sistema de saúde, o hospital é de outra esfera de oferta de serviços de saúde e tem direção própria. Eles conhecem a realidade e a capacidade estutural deles melhor do que qualquer um", disse Weber.
A expansão de unidades de terapia intensiva para atendimento aos pacientes com CIVID 19, aos estabelecimentos hospitalares, está prevista na portaria 561 do Ministério da Saúde, que vem contemplando os estabelecimentos hospitalares de todo Brasil.
A reportagem do Imprensa do Vale teve acesso ao documento assinado no dia 02 de abril de 2020, pela diretora administrativa do HCSR, Neliana Loureiro, onde em ofício destinado ao Secretário de Saúde, Gilberto Rodrigues, em resposta a portaria do MS, declara que aquela unidade hospitalar “não dispõe de leitos de cuidados prolongados para pacientes atendimento aos pacientes crônicos, oriundos de Unidade de Terapia Intensiva e leitos de enfermaria de hospitais de referência ao COVID19” (foto). A informação oficial, descredenciou oficialmente a unidade hospitalar russana para receber os equipamentos.
De acordo com Weber Araújo, tão logo o município tomou conhecimento das alegações apresentadas pela direção do Hospital de Russas, entrou em ação na tentativa de encontrar uma solução e reverter o quadro. “Agora com essa nova estrutura do Hospital de Apoio, recém inaugurado, e com apoio e parceria do próprio hospital, enviamos oficio ao Ministério da Saúde e ao Governo do Estado, para a aquisição de UTI’s para o município”, disse.
A reversão do quadro parece difícil. No dia 22 de abril, o diretor geral do HCSR, Dr. José Bomfim Bezerra, enviou oficio a Secretaria de Saúde do Município, solicitando parceria a fim de pleitear junto ao governo federal, por recursos para a estruturação de 10 leitos de UTI’s para aquela unidade. A solicitação do Hospital também foi enviada ao governo do estado, que através de um ofício datado em 19 de maio, alegou que os leitos que estão sendo habilitados pelo Ministério da Saúde, são de caráter exclusivos para pacientes com COVID19.
Aliados do prefeito acusam Júnior Gonçalves de deturpar a verdade dos fatos para se beneficiar politicamente da situação. Nas redes sociais, a repercussão da denúncia que foi anunciada pelo radialista como uma “bomba”, gerou centenas de comentários, entre os milhares de acessos e visualizações. A maioria dos internautas que acompanharam a live, reforçaram o tom de protesto.
O prefeito de Russas, Weber Araújo, o secretário Gilberto Rodrigues e a direção do Hospital afirmam que irão responder documentalmente as acusações, apresentando fatos e critérios técnicos.
A população, por sua vez, no meio de todo o tiroteio de informações e contra informações, se mantém atônita, contabilizando o que lhe toca mais de perto, que é a carência de estrutura de saúde pública. Afinal, sejam quais forem os motivos, com razão ou não, a ausência de 10 leitos de UTIs, em uma rede hospitalar, em época de coronavírus ou não, pode custar vidas.
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