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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Governo avalia multa para quem não permitir visita de agentes


O governador Camilo Santana (PT) estuda apresentar à Assembleia Legislativa do Ceará projeto de lei que prevê a aplicação de multa a quem se recusar a receber agentes de combate às endemias. O anúncio foi feito na manhã de ontem, durante o lançamento do Plano de Enfrentamento ao Mosquito Aedes aegypti, no Centro de Eventos do Ceará. Segundo o governador, a legalidade da medida tem sido discutida com membros do Judiciário e do Ministério Público.

Na solenidade, foi anunciada a formação do Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika, doenças transmitidas pelo mesmo mosquito vetor. Entre as principais ações do programa, estão as metas de visitar todas as residências do Ceará em janeiro de 2016 e telar todas as caixas d’água ao longo do próximo ano, em parceria com o Exército. O governo vai envolver, ainda, as prefeituras municipais, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, além de funcionários da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

O plano prevê ainda a criação de brigadas que vão combater focos do mosquito em prédios públicos. “Fiz questão de chamar todos os secretários para mostrar o compromisso do Estado. Vamos lançar também uma grande campanha educativa para estimular a população a prevenir e combater a proliferação de focos do mosquito”, anunciou o governador.

O secretário da Saúde do Estado do Ceará, Henrique Javi, reforçou que o mesmo mosquito está por trás de três doenças: dengue, chikungunya e zika. “A chikungunya tem, como sintomas característicos, dores intensas das articulações e curvamento do corpo. Já a zika, se não for combatida, poderá gerar um dos maiores problemas de saúde pública dos últimos séculos no País, por conta de sua associação com a microcefalia”, afirmou.

A preocupação com a microcefalia se intensificou após o Ministério da Saúde confirmar, em novembro, que o aumento de casos desse tipo de má-formação congênita, principalmente no Nordeste, tinha relação com o surto de zika. “No início do ano, achávamos que a zika era uma ‘dengue fraca’, mas, para nossa surpresa, o que era preocupação menor agora já extrapolou o alerta vermelho”, destacou.

Todos contra o mosquito

Ao todo, serão quatro mil agentes de endemias e 18 mil agentes de saúde para intensificar as vistorias no Estado. Além disso, o Exército Brasileiro deve agir de forma pactuada, na instalação de telas de proteção em caixas d’água. De acordo com o comandante da 10ª Região Militar, general Freire Gomes, “a presença de um soldado acompanhando o agente de combate às endemias dará mais segurança ao cidadão que às vezes teme abrir sua residência por conta de assaltos”.

Para dar suporte às ações, serão utilizadas três toneladas de larvicida na eliminação do Aedes aegypti. O material já foi distribuído para os 184 municípios cearenses. 

Saiba mais

A formação do comitê foi justificada pelo Governo do Estado pela confirmação da relação entre a zika e os casos de microcefalia no Nordeste.

Na última sexta-feira, 18, O POVO divulgou que o número de casos de microcefalia associados à zika no Ceará aumentou 60% em uma semana. O Estado já registrou 127 casos de microcefalia este ano.

Dicas

1. Manter a caixa d’água limpa e bem tampada.

2. Limpar o quintal no mínimo uma vez por semana, retirando todo o lixo.

3. Evitar nos quintais objetos que possam acumular água.

4. Amarrar o saco de lixo e só colocar na calçada nos dias de coleta.

5. Nunca jogar lixo nas ruas. Até numa tampinha de refrigerante o mosquito pode se multiplicar.

6. Deixar as calhas sempre limpas.

7. Pneus usados devem ficar em locais cobertos.

8. Garrafas devem ficar com a boca para baixo.

9. Antes de armazenar água, lavar bem, com sabão e escova, baldes, bacias e potes, que devem ficar tampados.

10. Limpar a bandeja que fica detrás da geladeira.

11. Manter os ralos limpos telados, com os aparelhos sanitários sempre fechados.

12. Receber o agente de endemias em sua residência.

13. Evitar cultivo de plantas com água. Água acumulada, por menor que seja a quantidade, é um risco para a criação do mosquito.

127 casos de microcefalia estão em investigação no CE quanto à relação com o zika vírus

O Povo Online