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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Preso é posto para dançar vestido de mulher em Delegacia



A Polícia investiga imagens entregues à Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB-CE), em que um preso é vestido de mulher e posto para dançar dentro da Delegacia da cidade de Canindé, a 115 km de Fortaleza. As informações são da TV Verdes Mares.

Nas imagens, o homem aparece com o rosto machucado, além de estar com os cabelos e as sobrancelhas raspadas. Uma voz diz "Bote a mãozinha, dance, vai. Você está se balançando, é pra dançar". Na sequência, alguém coloca um pequeno objeto próximo ao homem, enquanto a voz ordena para que o preso dance. "Fica na garrafa", manda


O homem, de identidade preservada, responde a processo por participação no homicídio de uma mulher e , segundo representantes da OAB, chegou a tentar suicídio na prisão por causa das humilhações sofridas.

Os representantes da OAB ouviram o preso e constataram que houve prejuízo psicológico ao homem por conta das ações. "Constatamos que realmente houve o dano à pessoa do preso, que se sente absolutamente constrangido em disponibilizar as informações, mas existem provas materiais da gravidade do problema", afirmou a ouvidora da OAB, Wanha Rocha.

A Polícia Civil instaurou inquérito e irá investigar os envolvidos na tortura ao preso. O aparelho celular que teria sido utilizado para gravar o vídeo foi apreendido em uma das celas.

A Delegacia é localizada ao lado da cadeia pública da cidade e foi interditada no mês de abril, sendo proibido o ingresso de presos. No local, 34 homens dividem duas celas da Delegacia.

O diretor da Comissão de Direito Penitenciário da OAB, Carlos Alberto Macedo, esteve na Delegacia e constatou que há presos há mais de um ano recolhidos nos xadrezes. "A passagem do preso pela Delegacia tem que ser momentânea. A Delegacia de Polícia Civil é Judiciária. O trabalho dela é de investigação. Não tem competência constitucional nem legal para cuidar de preso", afirmou

Delegado acusa outros detentos
O homem que foi torturado dentro da Delegacia, de acordo com o delegado titular Amando Albuquerque Silva, teria sofrido a violência por ser suspeito de crime de estupro. Segundo Silva, os outros presos realizaram a ação e gravaram o vídeo.

"Os presos o tomaram como estuprador, mas ele não é. Inadvertidamente, algum dos presos gravou o vídeo. Quando soubemos da existência do material, instaurei inquérito policial e fizemos vistoria, recuperando o celular. O inquérito foi instaurado para investigar o constrangimento ilegal que o preso tenha passado", explicou.

O delegado ressaltou ainda que exames de corpo de delito confirmaram que a vítima supostamente assassinada pelo preso não sofreu violência sexual. O temor da Polícia era que o homem torturado tivesse sido também estuprado pelos outros presos. Exames negaram a violência sexual no homem.

Fonte: Diário do Nordeste