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sábado, 3 de maio de 2014

Governo contesta críticas da oposição ao Bolsa Família

A definição do novo piso do Bolsa Família provocou mais um embate entre o governo Dilma Rousseff e os seus dois principais adversários na corrida presidencial.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) criticaram a medida anunciada pelo governo, que aumentou o repasse mínimo às famílias de R$ 70 para R$ 77, com custo de R$ 4,4 bilhões até o final do ano que vem.

Em resposta, o governo classificou como "leviana" e "irresponsável" a sinalização dos oposicionistas, de que o reajuste é insuficiente para repor as perdas provocadas pela inflação desde o reajuste anterior, concedido em 2011.

Em queda nas pesquisas, Dilma anunciou o aumento de 10% do benefício em pronunciamento no 1º de Maio, quando também prometeu a correção da tabela do Imposto de Renda para 2015 e a manutenção da política de valorização do salário mínimo.

Ontem, o governo detalhou o aumento do Bolsa Família, informando que o valor médio dos benefícios recebidos pelas famílias do programa passará de R$ 152 para R$ 167.

O piso pago às famílias, que subirá para R$ 77, foi criticado por Aécio. Anteontem, ele disse que Dilma "mentiu" ao dizer que o aumento seria equivalente à linha da miséria estabelecida pela ONU e afirmou que o valor correto para isso seria de R$ 83.


Ontem, Aécio repetiu a crítica, mas evitou se comprometer com um reajuste maior do benefício, alegando que não tem como fazer isso sem conhecer a situação financeira do governo federal.

"Não estou no governo. Não estou administrando o caixa do governo", disse. "De mim, você jamais ouvirá uma irresponsabilidade de assumir qualquer compromisso antes de conhecer os números", afirmou mais tarde.

Campos criticou o fato de que a correção de 10% não contempla a inflação de 19,6% acumulada desde o último reajuste do Bolsa Família, em março de 2011. E disse que o programa deve ser reajustado por regras "claras, anuais e tranquilas" para não ser utilizado como "moeda eleitoral e dádiva do governante".

Um reajuste que contemplasse os objetivos mencionados pelos candidatos da oposição custaria quase o dobro do valor da correção anunciada até o fim de 2015.

O gasto adicional de R$ 1,7 bilhão previsto para este ano saltaria para R$ 3,2 bilhões com a sugestão feita por Aécio e a proposta de Campos.


Resposta

Escalada pelo governo para detalhar o reajuste do Bolsa Família, a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) criticou a conta feita por Aécio, centrada no critério das Nações Unidas de US$ 1,25 por dia como renda mínima para superar a pobreza. Os tucanos multiplicaram o valor pelo câmbio atual, chegando a R$ 83 por mês.

Campello afirmou que a conta é "leviana" e "irresponsável", porque os benefícios do programa não podem ser atrelados ao câmbio.

"Na véspera da eleição é que tem gente que está lembrando de discutir o Bolsa Família, mas tinha que fazer isso aprendendo a fazer a conta direito, sem dar chute e sem falar bobagem", disse.

O governo também usa o índice de US$ 1,25 por dia, mas não multiplica o valor pelo câmbio. São usados no cálculo critérios como poder de compra dos moradores do país e inflação do Brasil e dos Estados Unidos, entre outros.

A ministra também afirmou que alguns segmentos específicos do Bolsa Família tiveram reajustes superiores à inflação acumulada nos últimos três anos, somando mais de 40%.

Fonte: Folha.com