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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dona Francisca é uma das mais velhas do País 12.05.2014



Com os recentes avanços da Medicina e a campanha mundial em prol da adoção de hábitos de vida mais saudáveis, chegar aos 90, 100 anos de idade está se tornando uma realidade cada vez mais possível. Não significa, entretanto, que seja fácil. O feito ainda é raro e exige, também, a ajuda do acaso. No Brasil, poucas pessoas estão no grupo seleto dos centenários. A cearense Francisca Lopes de Queiroz, que no dia 25 passado comemorou 107 anos, é uma delas.

Uma pesquisa feita pelo primo e médico de longa data, Manassés Fonteles, constatou que Francisca é uma das poucas pessoas com mais de 100 anos no Ceará e no País vivendo com plena lucidez e em bom estado de saúde. Embora já ande, escute e veja com algum trabalho, a vitalidade não sumiu. "Dona Francisquinha", como é chamada pelos filhos, tem lembranças vivas do passado e fala sobre cada momento com precisão e vigor.
O aniversário foi comemorado com festa organizada pela família: sete filhos, 10 netos, 13 bisnetos e, ainda, uma tataraneta, nascida há pouco mais de um ano. Casou-se duas vezes. A primeira união durou apenas cinco anos, findada pela morte do marido, mas rendeu boas lembranças. Já o segundo matrimônio não foi tão feliz. Inclusive, dona Francisca afirma que, ao longo de 107 anos, foi a única coisa ruim que fez na vida. O relato sobre os problemas de relacionamento com ex-companheiro deixa transparecer a mágoa que ainda guarda. No entanto, ela garante que faz questão de não relembrar do passado.
A rotina aos 107 anos é limitada. Até alguns anos atrás, o corpo ainda permitia bordar, costurar, tricotar, atividades que realizava desde a juventude, mais por prazer que por ofício. Mas hoje, por conta de problemas de visão e do natural desgaste físico, teve de abandonar quase todos os passatempos. Acorda, alimenta-se, assiste a um pouco de televisão, faz suas orações e, mais tarde, vai dormir: "Eu tenho pena de não trabalhar mais. Não é porque eu não saiba, mas porque a vista não me deixa".
A visão comprometida, contudo, foi o único mal que acometeu dona Francisca em mais de um século de vida. Há algum tempo, teve problemas nos pulmões, porém logo se recuperou. Desde então, vangloria-se em dizer que não sente nenhuma dor. "Não tenho nada. Nunca tive doença para ficar prostrada numa cama", conta. Seguindo à risca as orientações dos médicos e sempre ao lado dos filhos, ela foi vendo a vida se estender. Mas, se os cuidados da família e dos médicos, foram a chave para a longevidade, não sabe explicar.
"Não sei dizer. Normalmente, fui vivendo", afirma. Já os parentes acreditam que chegar a uma idade tão avançada significa que a matriarca ainda tem feitos a conquistar. "Sempre digo a ela que essa questão da idade foi permitida porque ainda existe algo na vida dela que precisa ser finalizado", diz a filha Ivonilde Queiroz, 72. Se Deus ajudar, dona Francisca diz, a vontade é chegar, pelo menos, até os 110. Não há nenhum motivo especial ou planos em vista, apenas o desejo de ver a família feliz e unida.
Créditos Diário do Nordeste