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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Comércio diz que pode perder bilhões com adoção de feriado na Copa

Quando a Copa do Mundo começar, daqui a 29 dias, o Brasil deverá parar por causa dos jogos - literalmente.

Milhões de funcionários serão dispensados em dias de partidas - oito das 12 cidades-sede já anunciaram medidas especiais para servidores públicos e serviços.

Alguns podem estar felizes com a folga extra. Outros, como comerciantes, não.

No Rio de Janeiro, haverá feriado nos três dias úteis de jogos no estádio do Maracanã. Até agora, a cidade é a única a ter anunciado tal medida, que também é estudada por São Paulo.

A Câmara dos Vereadores da capital paulista aprovou, nesta terça-feira, feriado municipal apenas para o jogo de abertura, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho.

A decisão exclui comércio de rua, bares, restaurantes e shoppings, que poderão funcionar normalmente. O prefeito, Eduardo Paes, negou que a cidade terá prejuízos, dizendo que ela receberá maior número de turistas durante o evento.

Mas nem todos concordam. "Há uma perda de faturamento, um impacto numérico de valoração difícil de se saber", disse à BBC Brasil o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Antenor Barros Leal.

"Por outro lado, há uma compensação com o movimento que a Copa traz para a cidade... (Mas o feriado) é lamentável sob o aspecto comercial", disse.

Dirigentes e especialistas dizem ser difícil mensurar um eventual impacto negativo.

O valor das perdas foi estimado em R$ 8 bilhões por Aldo Gonçalves, presidente das associações que reúnem lojistas do Rio, o Sindilojas Rio e a CDL Rio, segundo a Agência Brasil.

Por outro lado, as cidades serão beneficiadas com o movimento adicional ligado à Copa.

"O impacto é relativo. A indústria não vai produzir, mas (a venda de) serviços deve aumentar. Então, as perdas de equivalem", disse o consultor esportivo Pedro Daniel, da BDO Consultoria.

Há, ainda, o risco de protestos e ameaças de greves de diversas categorias durante o evento, o que poderá afugentar consumidores e turistas.

Efeito negativo?
Os novos feriados no Rio se juntam a um calendário já atípico em 2014: o Carnaval foi mais tarde, em março, e, além da Copa, o país realizará eleições em outubro.

Recentemente, uma coincidência de datas fez com que três semanas consecutivas fossem curtas por feriados: Sexta-feira Santa, em 18 de abril; Tiradentes, no dia 21; e Dia do Trabalho, em 1º de maio.

No Rio, a pausa foi ainda maior: devido ao feriado de São Jorge, em 23 de abril, muitos emendaram quase uma semana de folga.

Uma "coincidência maldita", segundo Leal.

Em São Paulo, o feriado coincide justamente no Dia dos Namorados, data forte para o comércio. Todos os seis jogos no Itaquerão serão em dias úteis.

O decreto em São Paulo poderia afetar centenas de indústrias e as operações da Bolsa de Valores de São Paulo, por exemplo.

"Se realmente for decretado feriado (nos dias da Copa), os prejuízos serão imensos. O comércio é muito prejudicado. Você perde a compra de impulso", disse o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato.

"Tem certa indústria que o prejuízo é imenso se você parar por qualquer motivo... (Mas) temos cautela nas previsões", disse ele, que vê perdas de 20% a 25% das vendas caso feriados sejam adotados.

A justificativa em São Paulo e Rio é o trânsito: facilitar a movimentação de torcedores e evitar congestionamentos caóticos.

A maioria das outras cidades-sede optou em declarar ponto facultativo e reduzir o funcionamento de órgãos públicos em dias de jogos nos estádios locais ou da seleção.

Todos param
Copas anteriores mostram que, na prática, poucos trabalham quando a seleção brasileira está em campo.

Em 2010, ônibus e trens em São Paulo ficaram lotados nas horas que antecediam as partidas do Brasil já que milhares de funcionários foram dispensados para acompanhar os jogos - mesmo sem a adoção oficial de horários especiais.

Com a Copa em casa, não teria como ser diferente. "A gente sabe que quando tem jogo do Brasil, tudo para mesmo", disse Amato, da ACSP.

Não é exagero. As férias em parte das escolas públicas deverão coincidir com o período da Copa. Em alguns Estados, haverá dispensa em dias de jogos no Brasil. Instituições privadas deverão fazer o mesmo.

Já servidores públicos federais deverão ser dispensados às 12h30 nos dias de jogos do Brasil na Copa.

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