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terça-feira, 7 de junho de 2016

Reajuste dos servidores do Estado será negociado com categorias

O governador se reuniu ontem com representantes dos servidores para debater o reajuste. Na ocasião, ele disse que a primeira parcela do 13º salário será paga no início do próximo mês, somando a cerca de R$ 400 milhões ( FOTO: FABIANE DE PAULA )

Após quase quatro horas de reunião com representantes dos servidores públicos estaduais, o governador do Ceará, Camilo Santana, manteve o reajuste salarial de 10,67% para aqueles que recebem o salário mínimo, que vem sendo pago a cerca de 20 mil trabalhadores que se enquadram nesta faixa de remuneração. Os sindicalistas, no entanto, pleiteavam um reajuste de 12,67% para todo o funcionalismo público estadual, que seria a inflação (10,67%) mais 2%, para compensar a defasagem salarial. Com relação aos cerca de 150 mil servidores restantes no Estado, o governador disse que irá negociar com cada categoria, individualmente, podendo aplicar percentuais diferenciados.

Após a reunião, realizada no Palácio da Abolição, Camilo Santana anunciou ainda que o pagamento da primeira parcela do 13º salário para todos os servidores públicos do Estado será efetuado no dia 5 de julho. "Isso equivale a mais ou menos R$ 400 milhões", disse o governador do Ceará. "Demos a garantia de que vamos pagar em dia a antecipação desta primeira parcela", comentou.

Paralisação

Sem obter do governo a promessa do reajuste proposto, os representantes sindicais não descartaram a possibilidade de iniciarem uma greve geral ainda neste mês. "Com este percentual, vai ser difícil a gente pacificar (os servidores) e trazer uma nova proposta", disse Eliene Uchôa, coordenadora do Fórum unificado das Associações e Sindicatos do Estado do Ceará (Fuaspec), que reúne 35 categorias.

Frustrada com o resultado da reunião, Uchôa disse acreditar em uma greve. "Eu penso que sim, mediante o percentual de 0%. Nós vamos nos reunir e cada categoria, juntamente com suas bases, vão trazer uma resposta para o governador", ressaltou.

Segundo Camilo Santana, a proposta do governo levou em consideração a conjuntura político-econômica desfavorável. "O País vive dois anos de recessão, há crise política, desemprego, e estamos em uma crise hídrica que já dura quatro anos", disse. Além disso, o governador ressaltou que, ao contrário do Ceará, a maioria dos estados atrasou o pagamento dos seus servidores.

Entretanto, no entendimento dos representantes dos servidores, o governo tem como pagar o reajuste de 12,67% de forma linear. "Acreditamos que o governo tem condições de dar o reajuste. Mas se não for satisfatório, a saída seria uma greve geral", disse Flávio Remo, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará (Mova-se).

"O Estado do Ceará tem suas contas equilibradas, é superavitário e tem dinheiro em caixa. Não é por conta do pagamento dos servidores que o Estado vai ficar numa situação difícil", disse Ana Maria Ferreira, diretora do Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf). "Se nós não tivermos uma reposição justa, de acordo com o que a gente vem reivindicando, as categorias vão parar. A resposta será a construção de uma greve geral a partir deste mês. Nós temos a plena certeza de que o Estado tem condições de pagar o reajuste dos servidores", complementou.

Segundo Eliene Uchôa, ainda não há data definida para que os sindicatos e associações anunciem que medidas serão tomadas em resposta ao que foi proposto pelo governo. "Vamos discutir com as nossas bases e vamos dar uma resposta para o governador. A grande maioria das categorias está em greve e outras estão prestes a entrar. Então, eu acredito que logo teremos essa resposta", destacou. Para ela, a proposta do governo de discutir individualmente com cada categoria, é uma tentativa de enfraquecer o Fuaspec. "Essa proposta está pretendendo extinguir o nosso fórum, quebrar a nossa unidade", alertou.

Atualmente, estão em greve os servidores da educação básica e superior (Urca, Uva e Uece), servidores da saúde e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri).

Receita insuficiente

Ainda segundo Camilo Santana, o comportamento das receitas do Estado nos cinco primeiros meses deste ano foi insuficiente para que o Ceará possa conceder um reajuste linear para todos os servidores. Ele disse que houve um avanço na receita de ICMS, mas o repasse do Fundo de Participação dos Estados caiu.

"Tivemos um crescimento da receita nominal em torno de 3,9%, mas já temos um avanço de gastos com pessoal, fruto da ascensão e contratação de servidores, de praticamente 5%. Assim, com as dificuldades do Estado, dar um reajuste linear para todos os servidores não é algo possível", contou o governador.

Revisão geral


Veja como foi a revisão em outros estados em 2015 e neste ano:

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Diário do Nordeste