Nos Sertões de Crateús, apenas duas cidades, Crateús e Tamboril, terão unidades de atendimento
Crateús. No Ceará, apenas alguns municípios encontram-se focados em ações de combate às drogas. Muitas cidades não possuem unidades de acolhimento, nem centros de atendimento específico, os chamados Centros de Atendimento Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS AD).
O CAPS AD é uma unidade de saúde especializada em atender os dependentes de álcool e drogas, dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde, que tem por base o tratamento do paciente em liberdade, buscando sua reinserção social.
No Sertão de Crateús, região que abrange 11 municípios, apenas duas cidades terão unidades de acolhimento. Tamboril com a Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil (UAI) e Crateús com a Unidade para Adultos (UAA). Tamboril está com sua unidade em construção. De acordo com a Secretaria de Saúde, a previsão é de que até o próximo ano esteja em pleno funcionamento.
O prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, acredita que é preciso o esforço de todos no combate às drogas, com a criação de espaços de cultura, lazer, esporte e educação, afora a reinserção social e produtiva dos pacientes
FOTO: JESSYCA RODRIGUES
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Já Crateús, de acordo com o secretário de Saúde, Humberto Cezar, a UAA tem previsão de iniciar a construção e habilitação do serviço no ano de 2015. A unidade acolherá até 15 adultos por seis meses.
Atualmente, o município trabalha com a capacitação de agentes de saúde no exercício de detectar onde se localiza o problema na cidade. “Sabemos que o trabalho no combate às drogas é difícil. Não se trata apenas de usuários, mas também de traficantes. Precisamos preparar os nossos profissionais para essa realidade. Essa abordagem é difícil, pois o profissional colocando em risco a sua própria vida” destacou Humberto.
A subsecretária Rosângela Cavalcante destacou a importância de todas as instâncias dos municípios estarem ligadas às políticas de combate às drogas. “Quando combatemos as drogas, estamos falando dos usuários e traficantes. Neste sentido, precisamos unir todas as instâncias, secretarias e Justiça, para trabalharmos juntos essa realidade”.
Crateús ainda dispõe de uma casa para tratamento de dependência química, Reviver. O espaço funciona desde 2012, recebendo dependentes químicos de vários municípios. Foi a primeira do gênero na região e tem capacidade para receber 100 dependentes, sendo 70 homens e 30 mulheres.
Funciona no antigo Liceu Manoel Mano, no bairro Fátima II, cedido pelo Governo do Estado. A unidade foi aberta pelo Projeto Reviver Cariri e conta com o apoio do Ministério Público do Estado, Polícia Militar, 40° Batalhão de Infantaria do Exército e Prefeitura de Crateús.
Centro-Sul
Na Região Centro-Sul, Iguatu dispõe de atendimento para pessoas dependentes de álcool e droga por meio do CAPS AD, para adultos e infantil, implantados há uma década. No ano passado, houve outro avanço quando foi instalada a Unidade de Acolhimento Infanto-juvenil (UAI), no sítio Penha, destinada para jovens de 10 a 18 anos.
A coordenadora de Saúde Mental do município, Maiara Campos, faz uma avaliação positiva das ações de tratamento de dependentes de álcool e de drogas. “Não é uma tarefa fácil, mas temos obtido bons resultados”, frisou. A Unidade de Acolhimento Infanto-juvenil já atendeu 16 jovens e atualmente conta com seis internados. “Eles podem morar por até seis meses, vão para a escola, têm aulas de reforço e de atividades artísticas e pedagógicas”, explicou Maiara Campos.
As famílias fazem o acompanhamento em parceria com a instituição dos filhos internados, dependentes de álcool e drogas. Há uma cumplicidade entre os dois entes. A unidade oferece trabalho de equipe com profissionais diversos: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e psiquiatras. Apesar de oferecer atendimento em Caps e na UAI, há críticas de que as ações deveriam ser mais amplas e também procurar de forma mais efetiva a prevenção, em particular de crianças e adolescentes.
Cariri
No município de Juazeiro do Norte as ações desenvolvidas com a finalidade de atendimento aos dependentes de substâncias alucinógenas são realizadas por meio de parceria envolvendo os setores de Saúde, do Desenvolvimento Social e de Segurança. Integrante do Programa Crack, é possível vencer, o município disponibiliza serviços destinados tanto ao dependente químico como aos seus familiares.
As primeiras ações são desenvolvidas pelo setor social, por meio dos equipamentos em funcionamento para tal finalidade, como o Centro de Referencia da Assistência Social (Cras), o Centro de Referencia Especializado da Assistência Social (Creas) e pelo Centro Pop. A partir daí, ações são deflagradas pelo setor de Saúde, objetivando a garantia de internamentos dos dependentes desejosos no uso de tal tratamento.
“Os serviços são preventivos e de acompanhamento. Todas as ações são de enfrentamento, numa perspectiva preventiva e, quando já existe a situação de dependência, a partir do desenvolvimento da política local de Saúde, os internamentos são garantidos havendo, paralelamente, um acompanhamento social desenvolvido junto às famílias”, esclareceu a secretária executiva da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e do Trabalho, Maridiana Dantas, ressaltando o Programa Crack, é Possível Vencer, desenvolvido no município, que visa combater a proliferação da droga, além de facilitar a reabilitação de seus dependentes e a reintegração social de ex-usuários.
Sobral conta com o empenho de todos
O município de Sobral não possui centros de internação. Conta apenas com o Caps AD. A Cidade está envidando esforços para o enfrentamento do problema através do Fórum e do Conselho Municipal de Políticas Públicas Sobre Drogas de Sobral (Comad, além das organizações religiosas que cuidam dessa questão. “Precisamos do empenho de toda a sociedade para medidas de prevenção, com espaços de cultura, lazer, esporte e educação; combate ao tráfico de drogas, afora a reinserção social e produtiva”, destaca o prefeito, Clodoveu Arruda.
Região Jaguaribana
Já no município de Russas, a Defensoria Pública é quem vai acionar a Justiça para que a Prefeitura implante um centro de recuperação de dependentes químicos. A informação foi passada pelo titular da Defensoria da 1ª Vara da Comarca de Russas, Alan José Couto de Moraes. O município é o maior da região, com quase 75 mil habitantes, e não possui o equipamento público.
A cidade também não conta com um Caps AD. De acordo com Moraes, até o fim deste mês a Defensoria ingressará com uma ação civil pública solicitando que a Justiça determine que o município implante um centro de reabilitação. Até o fechamento da edição, a reportagem não conseguiu contato com a titular da Secretaria de Ação Social do Município, Vanda Anselmo.
Sertão Central
Em Quixadá, atualmente, o Caps AD conta com 646 pacientes. Segundo a coordenadora, Anatacha Silva, todos recebem assistência psicossocial de psicólogos e assistentes sociais. A unidade também conta com o auxílio de um psiquiatra, mas o Município não tem nenhum núcleo de internamento. Esse trabalho é realizado pela Comunidade Novos Horizontes, uma organização não governamental.
Ainda de acordo com a coordenadora do Caps AD, a maioria dos pacientes é do sexo masculino, dependentes de drogas ilícitas, que representam cerca de 67%. Nos últimos anos, também tem crescido o número de mulheres dependentes, mas em grande parte relacionada ao álcool.
O Caps AD Alpendre, de Quixeramobim, é o único da região a fazer acolhimento de dependentes da álcool e outras drogas, explica a coordenadora da unidade, Ana Stefânia Leitão. Atende dependentes químicos, acima dos 18 anos, de outros nove municípios do Sertão Central, dentre eles Banabuiú, Choró, Ibaretama, Senador Pompeu, Solonópole e Milhã. A central possui 18 leitos além de contar com uma equipe multiprofissional para assistência aos dependes e oficinas ocupacionais.
Luanna Leitão / Sucursais
Colaboradora
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fonte DN