Morreu na noite deste domingo (13), aos 90 anos, a escritora sul-africana Nadine Gordimer, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura e conhecida por combater o regime de segregação racial em seu país, informa a Reuters. De acordo com a agência de notícias, a autora estava em casa e acompanhada dos filhos, Hugo e Oriane.
Uma das principais vozes contra o apartheid, Nadine havia revelado em março que tinha câncer no pâncreas e que não conseguiria mais escrever um novo romance. "Talvez faça alguns contos, mas escrever me deixa mal e sou muito crítica, muito exigente com meu trabalho. Não acredito que aceitaria algum trabalho que não me satisfaça", afirmou na época.
Sobre a doença, mostrava preocupação. "Sinto muita dor. Quando escrevi o meu último romance, não o tinha [câncer], ainda não tinha começado, e o que escrevi não tem nada a ver com a doença". Ela recebeu o Nobel de Literatura em 1991 e o Booker Prize em 1974, além de outros prêmios.
Em boa parte de seus mais de 30 livros, Nadine abordou a situação social na África do Sul. Ela ficou mundialmente famosa com o romance "A filha de Burger", de 1980. Seu primeiro romance, "The living days", saiu em 1953.
No Brasil, a editora Companhia das Letras publicou seis obras da escritora: "Ninguém para me acompanhar", "A arma da casa", "O engate", "De volta à vida", "Beethoven era 1/16 negro" e "O melhor tempo é o presente".
Também lançou a coletânea de contos "Contando histórias", organizada por Nadine. Com 21 histórias, o livro teve seus direitos revertidos para a TAC (Treatment Action Campaign), uma campanha para tratamento e prevenção da Aids.
Já o selo Biblioteca Azul, da Globo Livros, publicou "Tempo de reflexão 1 – De 1954 a 1989" e "Tempos de reflexão 2 – De 1990 a 2008". Nas duas coletâneas de ensaios, Nadine retrata sua longa trajetória literária.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (14), a assessoria de imprensa da editora reproduziu um trecho de "Tempo de reflexão 1", justamente aquele em que a escritora relembra seus primeiros textos, ainda criança. "Quando comecei a escrever, com nove ou dez anos, eu escrevia com o que passei a acreditar ser a única verdadeira inocência – um ato sem responsabilidade", afirma.
Em outra passagem, no livro "Tempo de reflexão 2", ela cita o autor do polêmico "Os versos satânicos" para falar sobre libedade. "Salman Rushdie não tem sido visto por... quanto tempo? Ele se tornou um dos Desaparecidos, como aqueles que sumiram durante um período recente na Argentina e aqueles que desaparecem sob o apartheid na África do Sul", comparou.
"Os governos repressivos têm o poder de destruir vidas nos seus países; quando as religiões adotam esses métodos, elas têm o poder de aterrorizar, por meio de seus fiéis, qualquer parte do mundo."
Mandela
Em 2006, Nadine Gordimer foi a escolhida para entregar a Nelson Mandela (1918-2013) a distinção Embaixador da Consciência, atribuída pela Anistia Internacional. Na época, a agência de notícias France Presse reproduziu declarações da escritora durante a cerimônia.
"Mandela foi e é um revolucionário no melhor sentido da palavra", afirmou sobre o ex-presidente da África do Sul. Ela destacou a independência intelectual de Mandela e sua aversão ao "politicamente correto".
No ano seguinte, Nadine visitou o Brasil para participar da 5ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Naquela edição do evento, estiverma ainda nomes como Amós Óz, Robert Fisk, Mia Couto e J.M. Coetzee.
No final de 2011, Nadine Gordimer se destacou por criticar um projeto de lei sobre a informação na África doo Sul, que para ela representava um retorno ao período no qual a liberdade de expressão estava suprimida pelo apartheid.
"As pessoas lutaram e morreram para conquistar a oportunidade de ter uma vida melhor, uma vida que atualmente está arruinada e prejudicada pela corrupção", afirmou na ocasião. "As práticas de corrupção e nepotismo só podem ser denunciadas se tivermos liberdade de expressão."
Em boa parte de seus mais de 30 livros, Nadine abordou a situação social na África do Sul. Ela ficou mundialmente famosa com o romance "A filha de Burger", de 1980. Seu primeiro romance, "The living days", saiu em 1953.
No Brasil, a editora Companhia das Letras publicou seis obras da escritora: "Ninguém para me acompanhar", "A arma da casa", "O engate", "De volta à vida", "Beethoven era 1/16 negro" e "O melhor tempo é o presente".
Também lançou a coletânea de contos "Contando histórias", organizada por Nadine. Com 21 histórias, o livro teve seus direitos revertidos para a TAC (Treatment Action Campaign), uma campanha para tratamento e prevenção da Aids.
Já o selo Biblioteca Azul, da Globo Livros, publicou "Tempo de reflexão 1 – De 1954 a 1989" e "Tempos de reflexão 2 – De 1990 a 2008". Nas duas coletâneas de ensaios, Nadine retrata sua longa trajetória literária.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (14), a assessoria de imprensa da editora reproduziu um trecho de "Tempo de reflexão 1", justamente aquele em que a escritora relembra seus primeiros textos, ainda criança. "Quando comecei a escrever, com nove ou dez anos, eu escrevia com o que passei a acreditar ser a única verdadeira inocência – um ato sem responsabilidade", afirma.
Em outra passagem, no livro "Tempo de reflexão 2", ela cita o autor do polêmico "Os versos satânicos" para falar sobre libedade. "Salman Rushdie não tem sido visto por... quanto tempo? Ele se tornou um dos Desaparecidos, como aqueles que sumiram durante um período recente na Argentina e aqueles que desaparecem sob o apartheid na África do Sul", comparou.
"Os governos repressivos têm o poder de destruir vidas nos seus países; quando as religiões adotam esses métodos, elas têm o poder de aterrorizar, por meio de seus fiéis, qualquer parte do mundo."
Mandela
Em 2006, Nadine Gordimer foi a escolhida para entregar a Nelson Mandela (1918-2013) a distinção Embaixador da Consciência, atribuída pela Anistia Internacional. Na época, a agência de notícias France Presse reproduziu declarações da escritora durante a cerimônia.
"Mandela foi e é um revolucionário no melhor sentido da palavra", afirmou sobre o ex-presidente da África do Sul. Ela destacou a independência intelectual de Mandela e sua aversão ao "politicamente correto".
No ano seguinte, Nadine visitou o Brasil para participar da 5ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Naquela edição do evento, estiverma ainda nomes como Amós Óz, Robert Fisk, Mia Couto e J.M. Coetzee.
No final de 2011, Nadine Gordimer se destacou por criticar um projeto de lei sobre a informação na África doo Sul, que para ela representava um retorno ao período no qual a liberdade de expressão estava suprimida pelo apartheid.
"As pessoas lutaram e morreram para conquistar a oportunidade de ter uma vida melhor, uma vida que atualmente está arruinada e prejudicada pela corrupção", afirmou na ocasião. "As práticas de corrupção e nepotismo só podem ser denunciadas se tivermos liberdade de expressão."
FONTE G1