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terça-feira, 22 de julho de 2014

Governo quer reduzir direitos dos empresários no futebol



Em meio às discussões sobre reforma do futebol brasileiro, o governo está desenvolvendo um projeto que reduz o direito econômico dos empresários. O Ministério do Esporte nega que seja uma volta à Lei do Passe, regra na qual o clube detinha os direitos sobre jogadores, mas sim uma tentativa de fortalecimento dos times, como ocorrem em países europeus.

"O Ministério do Esporte tem uma preocupação em relação aos empresários, o investimento do futebol brasileiro", disse o secretário nacional de futebol do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento. "Nós achamos que no momento em que o refinanciamento da dívida dos clubes fortalece os clubes, é hora também de não fortalecer os empresários."

"Por isso, a gente está fazendo um estudo para saber o efeito da retirada ou da redução do poder dos empresários. Não sei se 51% para o clube e 49% para o empresário. Hoje há troca de jogadores entre os clubes sem que os clubes ganhem nada", explicou o secretário. Ele acrescentou que as legislações francesa, inglesa e polonesa deverão ser estudadas. Nesses países, segundo ele, houve redução drástica do direito econômico.

A declaração de Toninho Nascimento ocorreu após encontro da presidente Dilma Rousseff, autoridades do governo e representantes do Bom Senso FC, movimento de jogadores que afirma buscar melhoria nas condições do futebol brasileiro. Dentre as autoridades estavam secretários do Ministério da Fazenda. Segundo o secretário nacional de futebol, o estudo deverá ficar pronto em até quatro meses.

Em maio, Dilma havia recebido um grupo maior de representantes do Bom Senso FC e, na ocasião, prometeu empenho em três frentes: o fortalecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte; a regulamentação sobre a participação de atletas nas assembleias gerais das entidades; e a criação de um grupo de trabalho para a criação no Plano Nacional de Desenvolvimento do Futebol.

Dentre as principais demandas do Bom Senso FC estão a questão do calendário de jogos, que desfavorecem os jogadores de clubes de menor expressão e o que eles chamam de fair-play financeiro, que seria um sistema de controle das finanças que obriga os clubes a gastarem apenas o que arrecadam.

De acordo com o grupo, o objetivo é garantir a sustentabilidade da instituição esportiva e o desenvolvimento saudável do mercado.

O grupo também tem se manifestado mais ativamente após a histórica goleada sofrida para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, considerada sintomática de uma estrutura desatualizada como é a que a CBF administra na atualidade.

Agindo como porta-voz do Bom Senso, o zagueiro Paulo André, ex-Corinthians, alertou que uma das exigências é uma revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte que, se aprovada do jeito que estava escrita quando apresentada aos jogadores na primeira revisão com a presidente, serviria para blindar clubes e a CBF, em detrimento às reformas solicitadas.

"Tentar melhorar o futebol brasileiro não é oportunismo, é patriotismo"
O secretário nacional do futebol, Toninho Nascimento, também reagiu às críticas da oposição de que discutir melhorias do futebol em momento eleitoral é uma estratégia oportunista. Ele alegou que o tema já é assunto de debate no Ministério do Esporte há mais de um ano.

"Tentar melhorar o futebol brasileiro não é oportunismo, é patriotismo", afirmou. "Eu tenho falado nisso há um ano e meio, estou envolvido nesse projeto, tenho reunião com o Bom Senso há um ano e meio. Foi o Brasil perder de 7 a 1 para todo mundo ter solução para o futebol brasileiro."

"Para nós, o placar de 7 a 1 surpreende, as deficiências do futebol brasileiro não surpreendem nem um pouco. Tanto que a gente está conversando sobre isso há muito mais tempo que o 7 a 1 lá no Mineirão", acrescentou o secretário nacional de futebol.

Fonte: Terra