sábado, 5 de julho de 2014
Ela me traiu e fiquei cego´, diz idoso que matou namorada de 24 anos
O pedreiro Valter Soares Pinho, de 65 anos, que confessou ter matado a própria namorada, a dona de casa Nelha Daiane Ribeiro de Morais, de 24 anos, revelou os detalhes do que ocorreu no dia 25 de janeiro, data em que o crime aconteceu em São Paulo. Segundo o idoso, que foi preso em Cubatão (SP), na noite desta quinta-feira (3), ele teria sido traído por Nelha, fato que motivou o suspeito a cometer o crime. Valter também admite que fez uso excessivo de bebida alcoólica no dia da agressão.
O idoso acredita que o seu estado contribuiu para que o desfecho da história fosse esse. “Não posso explicar como tudo se passou. Eu estava doido, bêbado, com muita ´cachaça´ na cabeça e, quando isso acontece, a bebida toma conta da gente, você fica sem saber o que fazer. Ela me traiu e ainda estava traindo. No meu entendimento como homem, o sujeito não veio à Terra para ser traído. Sei que têm homens que aceitam esse tipo de situação, mas tem muitos que não aceitam de maneira alguma ser traído. E eu a peguei me traindo duas vezes”, diz.
Após o crime, Valter ficou dois dias na casa de uma das duas filhas, em São Paulo. Depois, o pedreiro veio para a Baixada Santista, passando a se esconder na casa da irmã, no bairro Vila Natal, em Cubatão (SP). O objetivo do idoso era evitar a prisão em flagrante. “Eu fugi do flagrante. Pensei em depois voltar para me apresentar com um advogado. Eu tinha feito um trabalho e um homem estava me devendo dinheiro. Contava com essa verba para pagar um advogado, porque eu não tinha dinheiro na época. Só que ele não me pagou. Então, eu resolvi ficar na casa da minha irmã, passando um tempo lá, trabalhando e juntando um dinheiro, para ver se melhorava a situação, para eu me apresentar com o advogado diante da Justiça”, conta.
Sem ter oferecido resistência aos policias no momento de sua prisão, Valter garante que se arrepende de ter matado Nelha. “Eu não me lembro de muitas coisas daquele dia, pois eu passei a noite toda bebendo. Eu tomei uísque, energético e vodka. Com aquilo tudo, a tentação veio e não teve jeito. Eu fiquei ´cego´ e não vi nem o que fiz. Eu não sei até hoje o que passou na minha cabeça, mas quando você bebe corre o risco de fazer a coisa errada. Eu queria ter feito tudo de outra maneira, não queria ter feito isso”, explica.
Para o idoso, o arrependimento tem sido grande nos últimos meses. Valter diz que gostaria de se desculpar perante a família da ex-namorada que, de acordo com informações da Polícia Civil, já havia registrado Boletins de Ocorrências contra dois ex-companheiros seus, por agressão. “Se eu pudesse, voltaria atrás. Mas Deus não deixou a possibilidade de a gente fazer uma coisa e desmanchá-la. Não vi ninguém da família dela nos últimos tempos, porque depois eu vim para cá. Mas eu pediria desculpas para a mãe dela, que foi uma grande pessoa pra mim”, comenta.
Valter revela que parte da culpa que sente também tem como razão o fato de, segundo ele, ter amado muito Nelha. “Me arrependi tanto disso, pois eu gostava demais dela. Eu a amava. A gente não brigava, não tinha desavença praticamente. Quando ela queria alguma coisa, eu comprava e se eu queria algo ela concordava também. A gente ia para restaurante, em pizzaria e eu levava os filhos dela para brincar. O que aconteceu foi coisa de outro mundo”, encerra.
O caso
O idoso foi preso na noite desta quinta-feira (3) em Cubatão, na Baixada Santista, suspeito de esfaquear e matar a namorada de 24 anos em São Paulo. O crime aconteceu no dia 25 de janeiro de 2014, na residência da mãe da vítima, no bairro Jardim Imbuias, na zona Sul da capital paulista, e teria ocorrido na frente de um dos filhos da mulher, que tem cinco anos de idade.
Valter Soares Pinho foi preso na casa da irmã, localizada no bairro Vila Natal. Os policiais chegaram até o suspeito após receberem uma denúncia anônima sobre o paradeiro do suspeito. Com essa informação em mãos, eles montaram uma campana na frente da casa e o capturaram quando ele voltava para casa do trabalho. “Ele estava trabalhando, retornando para a casa da irmã dele, quando foi abordado na rua pelos investigadores da Polícia Civil. Eles perguntaram se ele sabia a razão pela qual ele estava sendo preso e ele confirmou que sabia. Diante disso, o Valter resolveu confessar que realmente matou a sua companheira. Eles conviviam há três anos juntos, mas ele estava desconfiado que ela estava lhe traindo”, afirma o delegado Wanderley Mange.
A polícia destaca ainda que o testemunho do filho mais novo de Nelha contribuiu para que o pedreiro fosse identificado como o responsável pelo crime. As investigações foram realizadas com base nos depoimentos de um dos dois filhos de Nelha, que presenciou o assassinato. O menino de cinco anos estava na casa da avó quando Valter chegou embriagado e agrediu a namorada. “A criança estava no local e o crime teria sido assistido pelo filho da vítima. Tanto é que, com base no relato dele, se chegou a autoria do crime”, comenta Mange.
O suspeito teve a prisão temporária de 30 dias pedida e deverá ser encaminhado para a carceragem do 5° Distrito Policial de Santos, no litoral de São Paulo, nesta sexta-feira (4).
Fonte: G1