"Alex Gardenal" foi posto em liberdade nessa quarta-feira (11), após 19 anos preso.
Alexandre de Sousa Ribeiro, o 'Alex Gardenal' foi solto. A informação apurada pelo Diário do Nordeste foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Alex tem ficha criminal extensa e ficou conhecido devido ao envolvimento em crimes de grande repercussão no Ceará, como sequestros, assaltos e até mesmo acusação de planejar assassinatos de agentes prisionais, crimes pelos quais ele foi inocentado pelo Tribunal do Júri.
De acordo com o TJ, ele permaneceu preso durante 19 anos, dez meses e 17 dias. 'Alex Gardenal' foi solto nessa quarta-feira (11). A soltura também foi confirmada pela Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP).
"Atualmente, com pena remanescente de cinco anos, sete meses e 13 dias, foi posto em liberdade em 11/09/2024, após decisão, da mesma data, de progressão de regime para o aberto (requisito objetivo para o semiaberto alcançado em 06/03/2022 e requisito objetivo para o aberto alcançado em 23/02/2023), conforme parecer do Ministério Público", disse o Tribunal, em nota.
A decisão de soltura foi proferida na 1ª Vara de Execução Penal de Fortaleza
ACUSAÇÕES E MÚLTIPLAS FUGAS
Alexandre já respondeu a processos por assaltos a bancos e a carros-fortes, sequestros e homicídios. Chegou a ser mantido preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) e até mesmo a fugir do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), no Ceará, em maio de 2006, enquanto estava em uma ala de segurança máxima.
Foi recapturado na companhia de Francisco Fabiano da Silva Aquino, ´Fabinho da Pavuna´, e de duas mulheres, na Praia do Icaraí, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Na ocasião, chegou a ser baleado e ficou internado no Instituto Doutor José Frota (IJF) de onde tentou fugir. Antes, fugiu também da Colônia Penal Agrícola do Amanari, em Maranguape; e do Presídio da Cigana, em Caucaia.
Em 2008 ele foi preso novamente durante confronto com policiais civis da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) da Polícia Civil, na BR-116.
Em fevereiro de 2011, ele foi resgatado com outros presos, inclusive condenados pelo furto milionário ao Banco Central (BC), do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO) II, em Itaitinga. A ação foi comandada pelo velho comparsa, 'Fabinho da Pavuna'. A dupla foi recapturada cerca de um mês depois, na Cidade de Santa Inês, (distante 250Km de São Luis).
Aos 26 anos, 'Gardenal' já tinha extensa ficha criminal e foi apontado como o chefe do ‘consórcio da morte’, um movimento criado dentro dos principais presídios do Estado com o objetivo de arrecadar dinheiro para bancar o assassinato de agentes prisionais e policiais militares que trabalham nas cadeias.
Há informações de que quando foi ouvido na delegacia acerca do 'consórcio da morte' negou o envolvimento e até riu.
NAS MANCHETES POLICIAIS
Alex Gardenal começou a aparecer nas manchetes policiais dos jornais de Fortaleza em 2000, quando a Polícia prendeu uma quadrilha responsável por diversos assaltos a bancos em Fortaleza.
Seu nome foi citado junto com o de outros criminosos: Francisco Machado de Sousa Filho, o ‘Chiquinho Rapadura’; Juciwene Silva Araújo, Gilcélio Pessoa de Menezes e Josivá Sátiro Gomes. Na época, a Polícia descobriu que o bando fora o responsável pelos assaltos às agências do Banco do Estado do Ceará (BEC) das avenidas Washington Soares e Pontes Vieira.
Em 2005, voltou às manchetes dos jornais com a informação de que tinha se aliado ao 'Fabinho da Pavuna'. A dupla teria comandado uma série de assaltos a carros-fortes e, em 2006, praticado, pelo menos, três sequestros em Fortaleza. As vítimas-alvo naquela época eram filhos de comerciantes e empresários.
ABSOLVIÇÕES
'Alex Gardenal' foi acusado de matar dois agentes penitenciários: Luciano Andrade Lima (morto em 2005) e Francisco Kléber Nobre Silva (morto em 2007).
Kléber trabalhava no IPPS e era desafeto de alguns presos, que teriam se unido para planejar e determinar a execução do agente. Ele foi morto no dia 11 de novembro de 2007, por volta das 17h, quando retornava para casa, no bairro São Gerardo.
Foi surpreendido por dois homens armados e atingido com 12 disparos. Na época, o promotor de Justiça Walter Filho disse que a ordem para o homicídio partiu de dentro do IPPS, a mando de 'Gardenal'.
Em agosto de 2013, Alexandre de Sousa foi a júri na 5ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua e terminou com condenação a 2 anos e 4 meses por formação de quadrilha e com a absolvição da acusação de homicídio triplamente qualificado de Kléber.
Dois anos depois, Alex foi a júri pela morte do agente Luciano e novamente absolvido. O magistrado que presidiu a sessão disse que o próprio Ministério Público pediu a absolvição do acusado por ausência de indícios de autoria.
(Diário do Nordeste)