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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Operação da PF contra pirâmide financeira apreende carros de luxo e milhões

 

As apreensões feitas pela Polícia Federal nesta quarta-feira, na Operação Kryptos, dão a dimensão do esquema de pirâmide financeira investigado no Rio de Janeiro.

De acordo com a corporação, o alvo era uma organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas. Os agentes recolheram 21 carros de luxo, 591 bitcoins - equivalente a R$ 147 milhões na cotação atual - e R$ 13,8 milhões em espécie na casa dos suspeitos.

A operação também resultou na prisão de cinco pessoas: três no estado do Rio de Janeiro e dois em São Paulo, sendo que um deles estava no Aeroporto de Guarulhos com 25 mil dólares. Este último também vai responder por evasão de divisas.

Apontado como líder da quadrilha, o empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin, foi preso ontem. Na casa dele, agentes retiraram malas de dinheiro vivo e precisaram recorrer a uma empresa de valores para contabilizar a quantia.

A contabilização levou o dia inteiro e terminou no começo da noite de ontem. Segundo a PF, foram apreendidos R$ 13.825.091,00. Também foram recolhidas 100 libras esterlinas, além de valores em euro que não foram contabilizados.

Agentes que estiveram na operação dentro da casa de Glaidson, em condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, dizem que nunca viram tanto dinheiro numa operação, nem mesmo na Lava-Jato.

Os policiais também apreenderam carteiras físicas para criptomoedas. Elas são como pendrives nos quais ficam salvos os criptoativos. Nesse formato, a PF encontrou 591 bitcoins. De acordo com o CoinMarketCap, um bitcoin ontem valia cerca de R$ 255 mil.

Na busca e apreensão, os agentes ainda recolheram 21 carros de luxo. Entre os veículos há esportivos, conversíveis e os utilitários SUVs. Os automóveis foram encontrados em endereços na cidade do Rio de Janeiro e em Cabo Frio (RJ). Os agentes apreenderam modelos de marcas como Land Rover, Mercedes-Benz, Audi, Mitsubishi e Corvette.

De acordo com a PF, Glaidson, de 38 anos, movimentou mais de R$ 2 bilhões na GAS Consultoria. Trata-se de uma mudança brusca no padrão de vida do suspeito. Segundo um registro do Ministério do Trabalho, em 2014 ele recebia cerca de R$ 800 mensais com emprego de garçom na Orla Bardot, em Búzios, na Região dos Lagos (RJ).

Glaidson é casado com a venezuelana Mirelis Díaz Zerpa e ostenta carros de luxo. O empresário, entretanto, evita aparecer em público e não é afeito a redes sociais.

Na casa de luxo do empresário também foram apreendidos joias, charutos cubanos, relógios de grife, roupas de alto padrão, bebidas importadas, perfumes caros, além de vários apetrechos ligados ao mercado de Bitcoins, incluindo pen drives específicos para as transações financeiras. A policiais que participaram da operação da PF, Glaidson afirmou não ter cometido crime e não ter feito "nada errado".

De acordo com a investigação, a empresa de Glaidson, com sede na Região dos Lagos, é responsável pela operacionalização de um sistema de pirâmides financeiras ou "esquemas de ponzi", calcado na efetiva oferta pública de contrato de investimento, sem prévio registro junto aos órgãos regulatórios, vinculado à especulação no mercado de criptomoedas, com a previsão de insustentável retorno financeiro sobre o valor investido.

Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12 meses, diz a PF. Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos em bitcoins, mas os investigadores afirmam que a GAS nem sequer reaplicava os aportes em criptomoedas, enganando duplamente os investidores.

Após a prisão de Glaidson, a GAS Consultoria enviou um comunicado para os investigadores. A empresa afirmou que "os pagamentos serão feitos normalmente" e que "os advogados estão atuando" para soltar o empresário. Ainda de acordo com a nota, enviada a um grupo de WhatsApp, os funcionários pediram para que os clientes tenham "serenidade" e finalizam dizendo que eles estão trabalhando para "honrar os compromissos assumidos".

Fonte: iG