As apreensões realizadas por agentes da Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará cresceram 60% comparados os anos de 2018 e 2019. No Brasil, como um todo, também foi observado um aumento no índice
Dentre os veículos apreendidos pelos policiais, há carros de luxo
Foto: Emanoela Campelo de Melo
Por trás de grandes esquemas criminosos, geralmente, estão cifras milionárias. A intensa movimentação financeira no 'mundo ilegal' é o que atrai muitos a cometerem crimes. Para a Polícia Federal, há uma diretriz que deve ser priorizada: descapitalizar estas quadrilhas. Nos últimos dois anos, só no Ceará, a PF apreendeu, aproximadamente, R$ 39 milhões que, segundo o órgão, eram de origem ilícita.
O valor é soma das apreensões realizadas em 2018 (R$ 15 milhões) e 2019 (R$ 24 milhões). Comparados os dois períodos, dentro de um ano houve aumento de 60%. As apreensões chegam à cifra milionária por incluir bens, como barcos, carros de luxo, imóveis e joias, além dos ativos financeiros, como bloqueios das contas bancárias dos envolvidos.
O delegado Paulo Henrique Oliveira, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará esclarece que parte deste valor veio a partir de bens provenientes do tráfico de drogas. Só com relação a este crime foram apreendidos R$ 605 mil em 2018 e R$ 879 mil em 2019, em todo o Estado.
No último dia 17 de janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sérgio Moro, divulgou por meio de uma rede social que, no ano passado, a PF totalizou R$ 653 milhões em patrimônio apreendido a partir do tráfico de drogas. O número foi 44% maior do que o sequestro contabilizado em 2018. Na publicação, Moro destacou que "o crime não pode compensar". Ele ainda prevê que com a introdução da Lei 13.886 do confisco alargado (confisco amplo do patrimônio de profissionais do crime) os números devem aumentar.
Operações
Paulo Henrique afirma que comparado a estados do Brasil que estão próximos às fronteiras, os números do Ceará não se destacam. Contudo, segundo o delegado, em 2019, na região Nordeste, o Estado foi o terceiro com maior valor de bens apreendidos relacionados ao tráfico.
"Nos locais que fazem fronteira há fluxo de veículos e aeronaves maior do que comparado ao Nordeste. Atualmente, a principal diretriz da Polícia Federal, no tocante à repressão a criminalidade organizada, e nisto se inclui o tráfico de drogas, é a descapitalização das quadrilhas. É buscar o patrimônio. Os números no País como um todo aumentaram bastante e a previsão é que cresçam ainda mais. Buscamos o patrimônio destas quadrilhas para evitar algo que durante muito tempo ocorreu: muitas pessoas eram presas e quando voltavam à liberdade, continuavam as atividades criminosas se utilizando do patrimônio que tinham. Sem o patrimônio dificulta o retorno deles às atividades criminosas", disse o delegado.
De acordo com o titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará, há bens apreendidos de todas as facções que atuam no Estado. Paulo Henrique acrescenta que os agentes vêm conseguindo realizar grandes operações para combater as facções e efetuar prisões de lideranças em âmbito nacional.
Dentre as operações realizadas em 2019 no Ceará, o delegado cita a 'Reino de Aragão', realizada em dezembro, e a Operação 'Dínamo', em abril. A 'Reino de Aragão' resultou nas prisões de quatro suspeitos que estiveram à frente da onda de ataques criminosos ocorrida no último mês de setembro, no Ceará. Ao todo, foram expedidos 31 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão.
As diligências da 'Dínamo' também aconteceram com intuito de desarticular um grupo criminoso. Os alvos dessa outra operação foram suspeitos responsáveis por ataques com explosivos a torres de transmissão de energia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) em Fortaleza e Maracanaú.
Fonte; DN