Nascida em Itamarandiba, 406 km distantes da capital Belo Horizonte, Isabelly seguiu aquele roteiro conhecido de quem gosta de esportes mas não consegue decolar como atleta. No caso dela, a via mais rápida para trabalhar com o que mais gosta foi entrar na faculdade de jornalismo.
Em julho deste ano, Isabelly deu o "pulo do gato" que tanto esperava. Deixou a assessoria de imprensa na qual estagiava para integrar a equipe de esportes da Rádio Inconfidência. Seu mentor nesse processo foi José Augusto Toscano, coordenador de esportes da rádio. "Consegui o contato o Toscano durante um evento dessa assessoria em que trabalhava. Mandei uma mensagem pra ele pelo Facebook, fui chamada para um bate-papo e acabei contratada como estagiária. Desde o nosso primeiro contato ele perguntava se eu tinha vontade de narrar, já que um dos sonhos dele era promover uma mulher como narradora e todas as outras estagiárias que haviam passado por lá não embarcaram na missão. Confesso que narrar não estava entre os meus objetivos, mas o Toscano me convenceu de que era possível."
Antes de assumir o microfone principal da transmissão, Isabelly fez as vezes de comentarista e repórter de campo. O empenho nas funções elevou a sua cotação com Toscano. "Para narrar a pessoa precisa estar muito envolvida com futebol. Eu respiro isso de domingo a domingo. Muito mais do que a técnica da narração, é preciso ter conhecimento dos times, do contexto do jogo, ter propriedade sobre o que está falando. E o Toscano percebeu que eu estava ligada em tudo."
A primeira oportunidade como narradora titular da Inconfidência não tardou. 7 de novembro, pouco mais de quatro meses depois do seu ingresso na rádio. Jogo importante, envolvendo o América-MG, dono da casa e melhor time da Série B. "Senti um pouco de pressão a caminho do estádio. Não podia errar. Mas entendi que precisava seguir um protocolo: a entrada dos comentaristas, os aspectos do jogo, da jornada esportiva. No final deu tudo certo."
Em apenas um mês, Isabelly irradiou cinco jogos. Início de carreira fulminante e surpreendente para a ainda graduanda em jornalismo. "A narração foi uma descoberta positiva. Não imaginava fechar o ano com essa projeção. Minha carreira tomou outros contornos em apenas seis meses. Quero me envolver com o maior número de jornadas esportivas no próximo ano. O Toscano sempre me dá feedback, diz onde eu preciso melhorar", diz ela, que já estabeleceu as metas para 2018: "Vou fazer um curso de locução. Preciso entender melhor minha voz. Além disso, quero narrar um clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG e, se possível, a Libertadores."
Pioneira em Minas Gerais, Isabelly quer agora estimular outras mulheres a ocuparem as cabines de transmissão Brasil afora. "Espero servir de inspiração. Só assim nos afirmaremos. Recebi muitas mensagens elogiosas e isso me deixa honrada. As mulheres podem atuar em todas as esferas do futebol. É importante também que existam outros Toscanos por aí, que apostem em outras mulheres como ele apostou em mim, que tenham esse olhar revolucionário."
Blog; Erivando Lima