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sábado, 4 de junho de 2016

Projetos milionários ficam abandonados no Interior do Ceará

A Fazenda Belém faz parte do território de Icapuí e Aracati ( Foto: Ellen Freitas )

Icapuí. Buscando reverter a intenção da Petrobras em vender campos no Estado do Ceará, os petroleiros estão fazendo mobilizações nas cidades onde a estatal possui bases. A primeira audiência pública foi realizada na cidade de Icapuí, no litoral leste, a 222 quilômetros de Fortaleza, onde se localiza a Fazenda Belém (FZB), campo que também faz parte do território de Aracati. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí (Sindipetro-CE/PI), o movimento irá se estender também a Paracuru, Fortaleza e Quixadá.

O principal objetivo é mobilizar petroleiros, gestores dos municípios envolvidos, parlamentares e governo do Estado para os riscos à economia e empregos com a possível venda dessas bases, bem como buscar apoio para levar a posição dos trabalhadores cearenses ao nível federal. A primeira audiência foi realizada no dia 10 de maio, na Câmara de Icapuí. Na região, a Fazenda Belém possui 35 anos de operação e a unidade gera em torno de 400 empregos, diretos e indiretos, além de ser importante contribuidora para a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os municípios de Aracati e Icapuí.

Após essa primeira mobilização, foi elaborado um relatório, onde há informações importantes sobre a Fazenda, que seguirá para o governo do Estado e Legislativo cearense, onde também serão convocadas audiências públicas. O documento destaca que a produção da FZB segue para a Lubnor, fábrica de lubrificantes que fica no bairro Mucuripe, em Fortaleza. De acordo com o Sindipetro-CE/PI, com o fechamento da unidade de Icapuí/Aracati, cerca de 1.500 empregos também estarão comprometidos na Lubnor. Na FZB há atualmente 395 poços em produção, gerando uma média de 1.500 barris por dia. O barril está custando em torno de US$ 50.

Dependência

Para o Secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA) e ex-prefeito de Icapuí, Dedé Teixeira, a Petrobras ajudou muito no desenvolvimento do Município, com royalties e ICMS. Segundo ele, 60% do ICMS de Icapuí é advindo da Petrobras. "Nós temos três âncoras de desenvolvimento em Icapuí: a pesca, as frutas e a exploração de petróleo e posso afirmar aqui que a Petrobras fechando, a cidade quebra", disse Teixeira.

Outro fator destacado no documento é o comprometimento de projetos socioambientais financiados pela Petrobras. Um desses projetos é o "De Olho na Água", cuja sede fica na Praia de Requenguela, em Icapuí. Lá, crianças e jovens da rede pública municipal e estadual, aprendem e se engajam nos programas de proteção ambiental. O projeto já recuperou, ao longo dos três anos em que está em execução na localidade, oito hectares de mangue e implantou 525 canteiros ecológicos. A Petrobras também mantém programas de relação com as comunidades onde ela atua nas cidades de Fortaleza, Caucaia, Quixadá, Paracuru, Icapuí e Aracati.

Impacto negativo

Para o prefeito de Aracati, Ivan Silvério, o fechamento da Fazenda Belém representará um impacto negativo para o Município, em termos econômicos e de empregos que são gerados com essa cadeia.

"Vou participar de uma reunião onde estará também o prefeito de Icapuí, para tentar buscar alternativas para essa situação da Fazenda Belém. Sou contra esse fechamento, o Município só perde com isso, mas, infelizmente, não depende somente de nós, é uma decisão vinda de Brasília, segundo eles para reduzir custos. Mas faremos o que estiver ao nosso alcance para impedir o fechamento", afirmou.

O presidente do Sindicato dos Petroleiros dos Estados do Ceará e Piauí (Sindipetro-CE/PI), Oriá Fernandes, foi enfático ao se dizer contrário o fechamento ou venda de qualquer unidade da Estatal no Ceará e que essa medida irá impactar em toda a cadeia produtiva do Estado.

"Não aceitamos esse fechamento ou venda, que gerará desemprego, não só em Icapuí e Aracati, mas afetará toda uma cadeia de produção no Ceará", enfatizou o sindicalista.

Para pressionar a diretoria da Estatal e o governo federal, o Sindipetro-CE/PI informou que os petroleiros de todo o País realizarão uma paralisação nacional, em protesto contra o fechamento e venda dessas unidades. A mobilização será realizada no próximo dia 10 de junho, durante 24 horas.


Desde julho de 201,5 o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda dos campos terrestres do Nordeste e Norte Capixaba e a Estatal anunciou, no dia 4 de março deste ano, que pretende vender 104 concessões em todo o País.

Diário do Nordeste