A cadeia produtiva relacionada à geração de energia solar vem ganhando cada vez mais espaço no Ceará. Embora os números ainda sejam pequenos se comparados aos do setor eólico, a expectativa é de que o Estado, pioneiro nacional neste tipo de geração, receba já nos próximos anos tanto usinas solares quanto empresas produtoras de painéis e peças para o segmento e chegue a um aumento de 270 megawatts (MW) em potência instalada da geração solar.
"É um dos negócios mais promissores para o Estado. Estudos comprovam que, no Ceará, temos o melhor índice solar do Brasil e do mundo, sendo verificado que é maior ainda no Sertão do Estado, onde dispomos também de terras mais baratas para oferecer, diminuindo, assim, o custo de produção", avalia o presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Ferruccio Feitosa.
Atualmente, a geração de energia solar representa apenas 0,03% do total produzido no Estado, referente ao único empreendimento em operação, em Tauá, com potência de 1MW, enquanto as eólicas respondem por 38,9% e as térmicas por 60,7%, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por isso, investidores e representantes do setor de energia renovável apostam no potencial da geração solar.
Novos projetos
Conforme antecipou o Diário do Nordeste em agosto de 2015, até o final de março, o Grupo Telles deverá concluir a primeira etapa de seu parque de energia solar, em Pindoretama, com a entrega de 1MW de potência, e, até outubro, está prevista a entrega de outros 2MW. O empreendimento orçado em R$ 20 milhões deve atender a demanda de uma unidade de produção de embalagens de papelão do próprio grupo. Mas a empresa diz que pretende expandir o parque para 5MW - cota limite da Aneel.
Para os próximos anos, estão previstas mais duas novas usinas, com construção não iniciada e de potência outorgada de 30MW, cada, nos municípios de Banabuiú e Massapê, ambas da empresa Fotowatio do Brasil Projetos de Energias Renováveis, segundo a Aneel. No último leilão de energia, o Ceará foi contemplado com 120MW, referentes a quatro usinas (com 30MW, cada) em Quixeré, e para 2018 está prevista ainda a entrega de uma usina da Soliker Brasil, com 90MW de potência, em Aquiraz, fruto de um investimento em torno de R$ 450 milhões. Juntos, os novos projetos deverão adicionar uma potência de 270MW, quando foram efetivados. "O que ocorre hoje é que, com a tendência de queda de custos para as usinas fotovoltaicas, o governo brasileiro passou, desde o ano passado, a promover leilões específicos para a geração de energia solar", diz Jurandir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis. No País, hoje, são 33 empreendimentos em operação, com potência de 21,3MW, e 40 empreendimentos já contratados, com construção não iniciada, e potência outorgada total de 1.142MW.
Usina em Aquiraz
Inicialmente prevista para ser instalada em Tocantins, a usina solar da Soliker Brasil deve vir para o Ceará, após a desaprovação dos projetos que iriam aquele estado. "Optamos pelo Ceará porque fomos em busca das melhores linhas de acesso e tivemos uma boa resposta do Governo do Estado, que se mostrou bem preparado para receber essa indústria", disse Gabriela Corte, presidente da Soliker Brasil.
Além da usina, cujas obras devem ter início no segundo semestre, a empresa ainda estuda a implantação de uma unidade de produção de módulos solares no Estado. "A nossa ideia é trazer a produção para o Ceará, porque nós acreditamos que o estado será um grande consumidor das nossas placas, com uma grande demanda nos próximos anos", diz. A instalação da fábrica, segundo ela, depende, dentre outros fatores, de detalhes relativos à operação logística.
Geração distribuída
Juntamente com as grandes usinas, a geração de energia solar realizada pelos próprios consumidores também se apresenta como um segmento promissor para o setor. "Há uma expectativa de que esse mercado que está nascendo tenha um crescimento muito expressivo", diz Picanço.
Diferente da microgeração de energia eólica, que depende de locais adequados, para ter viabilidade, a microgeração de energia solar pode ser feita de forma eficiente em praticamente qualquer local, mesmo em áreas urbanas. Ferruccio Feitosa destaca a microgeração distribuída como um grande negócio para o Nordeste mas, principalmente para o Ceará.
"Com boas condições de preços e de financiamentos de placas solares destinadas à microgeração distribuída, é possível desenvolver esse mercado de pequenos produzindo energia e se beneficiando disso. O excedente da produção iria para a indústria", sugere.
Diário do Nordeste