Quase dois anos e meio após a prisão do homem tido pelas autoridades policiais como o chefe do tráfico na Barra do Ceará, na zona Oeste de Fortaleza, a comunidade do “Gueto da Barra” persiste como um dos principais redutos da venda de drogas e esconderijo de criminosos armados. Ali virou também uma espécie de cativeiro, onde os traficantes mantém pessoas reféns sendo torturadas para depois acabarem executadas e seus corpos ocultados.
Esta informação já vinha sendo “trabalhada” pela Polícia há várias semanas e, na última sexta-feira (12), veio a confirmação, quando a PM descobriu um casal mantido em cativeiro e sob torturas de traficantes. No cerco na favela, também foram apreendidas drogas e muito dinheiro. Tudo estava enterrado.
O “Gueto” é uma ocupação ilegal de moradias populares em um terreno localizado no cruzamento das avenidas Senador Robert Kennedy e Francisco Sá, onde, na década de 90, funcionou a fábrica de roupas jeans Villejack. Com a falência da empresa, o imenso prédio passou a ser invadido, enquanto no seu entorno, dentro do terreno privado, passaram a ser erguidas casas. Hoje, o local é cercado por pequenas residências e na edificação central, com vários pavimentos, os traficantes escondem armas e drogas. Por ser um prédio alto, serve também como ponto de observação dos “olheiros” da quadrilha, que conseguem visualizar com bastante vantagem a presença de viaturas policiais se aproximando.
Na última sexta-feira, levados por uma denúncia anônima, policiais militares da 1ª e 3ª Companhias do 5º BPM conseguiram libertar o casal mantido como refém em uma das casas e, ainda, localizar cerca de 12 quilos de maconha, um quilo de crack e vários sacos com dinheiro, que contados, totalizaram R$ 36 mil em espécie, dinheiro do tráfico.
Preso
Em julho de 2013, a Polícia Militar capturou no bairro Jardim Iracema, o homem apontado como chefe do tráfico na Barra do Ceará. Márcio Gleydson Dias da Silva, o “Márcio do Gueto”, conforme as autoridades, era o chefe de uma quadrilha responsável não apenas pelo comércio de drogas na Grande Barra do Ceará, mas também por vários assassinatos naquela parte da cidade, inclusive uma chacina ocorrida próximo ao Morro de São Tiago, na comunidade das Goiabeiras. Ele nega.
Mesmo com a prisão de “Márcio do Gueto”, segundo as autoridades policiais, sua quadrilha continuou operando, traficando drogas e eliminando pessoas, seja por dívida de drogas, ou pela disputa de território.
“Márcio do Gueto” continua atrás das grades. Em agosto último, ele recebeu mais uma pancada da Justiça, sendo condenado a 12 anos de prisão pelos crimes de tráfico de drogas e associação criminosa para fins do tráfico. A sentença foi proferida pelo juiz de Direito, Ernani Pires Paula Pessoa Júnior, titular da 1ª Vara dos Delitos de Tráfico de Entorpecentes. O processo é relativo a uma apreensão de drogas no “Gueto”, em junho de 2012.
Blog do Fernando Ribeiro