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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Consumidor se depara com falta de combustível


Capital e Interior do Ceará voltaram a enfrentar problemas isolados no fornecimento de combustível nos últimos dez dias. Em Fortaleza, a situação vem sendo notada por alguns consumidores que, ao tentar abastecer, se depararam com a informação de que o estoque estava esvaziado. O caso mais recente foi em Morada Nova, quando a irregularidade de distribuição da gasolina para os postos da bandeira BR Petrobras gerou transtorno para a população local. Para não deixar o carro parado na garagem, consumidores fizeram fila nas bombas em postos daquele município.

No entanto, para Antônio José Costa, assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos), o que vem acontecendo são problemas pontuais e momentâneos, e que uma crise de abastecimento está longe de abater o Estado. Ainda segundo ele, o problema real estaria relacionado à logística do Porto de Fortaleza, administrado pela Companhia Docas do Ceará. "A gente está como todo mundo neste momento, trabalhando como observadores, mas nós acreditamos que são casos pontuais. O que está acontecendo são problemas de entrega, porque o nosso porto tem uma organização atrasada para a demanda que nós temos. O que tem afetado mesmo a distribuição é a logística do Porto. O navio chega e não tem espaço para armazenar a carga, porque todos os terminais estão lotados. O navio vai então para outros locais, e quando volta para Fortaleza alguns dos postos já estão esvaziados", disse o assessor do Sindipostos.

Nem mesmo as greves e paralisações, de acordo com Costa, devem ser vistos como os grandes vilões da situação - os petroleiros completaram, ontem, o décimo dia de protestos, contando com uma mobilização na Praça do Ferreira, enquanto os caminhoneiros continuam os bloqueios nas rodovias pelo País, o que deve afetar a logística de diversas atividades produtivas pelo território nacional.

"Problemas de abastecimento já acontecem há mais de dois anos, e os caminhoneiros devem gerar uma preocupação sim, mas nada muito grave ao ponto de zerar o estoque ou gerar uma crise de ausência total de combustível. Alguns postos se previnem mantendo o nível de estoque alto, mas nem todos fazem isso, e aí pode ser que haja falta, mas é uma questão pontual de cada local em relação à demanda que eles tem", comentou.

Conflito
A informação do Sindipostos, no entanto, contrasta com o esclarecimento concedido pela Companhia Docas, que afirmou não ter relação com os reservatórios destinados ao combustível, direcionando a responsabilidade pela logística de abastecimento para as empresas distribuidoras e Petrobras Transporte S.A. - Transpetro. "Se existe um problema de logística não é no Porto, até porque algumas refinarias de petróleo estão em greve pelo que a gente vê na imprensa, em função das greves dos petroleiros. O píer petroleiro, por sinal, está vazio. Nós não estamos com nenhum problema, mas talvez a Petrobras esteja com problemas de transporte, até porque o último navio de gasolina que atracou aqui foi no 29 de outubro", explicou o analista portuário e coordenador substituto de gestão portuária do Porto de Fortaleza, Oswaldo Fontenele.

Quanto aos tanques reservatórios, Fontenele explica que, muitas vezes, o problema não está apenas relacionado ao sistema operacional gerido pela Companhia Docas, e que a situação precisa ser analisada de forma completa, levando em consideração os elementos que rodeiam o funcionamento. "Os tanques de combustível não são do porto. Nós fornecemos os berços para as embarcações e as tubulações, mas se os reservatórios, que são das distribuidoras, estão cheios é um problemas das empresas de combustível. Gostaria que as pessoas vissem o porto como um conjunto, e quando nós temos um problemas as vezes a questão é muito maior do que a gente pode lidar, porque o porto é uma mera interface", declarou.

Já a Petrobras respondeu via BR Distribuidora e negou qualquer problema no abastecimento de combustível no Ceará, seja na Capital ou no Interior. A BR ainda ponderou sobre possíveis boatos que se alastram com a greve dos petroleiros e caminhoneiros, o que levaria os consumidores aos postos, acabando com o estoque - o qual não é reposto em poucas horas ou dias.

Diário do Nordeste