Iguatu. No campo, os agricultores estão fazendo o plantio de sequeiro (aquele que depende exclusivamente das chuvas) das tradicionais culturas de subsistência, milho e feijão, e grande parte das sementes cultivadas são oriundas do programa Hora de Plantar, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). O esforço governamental é para fortalecer, por meio do programa, a agricultura familiar no Ceará. Neste ano, foram beneficiados, 130 mil produtores rurais.
O programa foi implantado há 28 anos e utiliza sementes e mudas de elevado potencial genético para aumentar a produtividade das culturas e melhorar o nível de renda dos agricultores familiares. A distribuição de sementes e mudas ocorre em todo o Estado durante a pré-estação chuvosa e no primeiro mês da quadra invernosa, fevereiro, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce).
Balanço positivo
O programa apresenta um balanço positivo, embora, nos últimos anos, em decorrência das chuvas abaixo da média e das dificuldades de cultivo de sequeiro, tenha ocorrido redução na quantidade de sementes distribuídas. Há ainda queixas referentes ao atraso na entrega e até denúncias pontuais de que muitos cadastrados não fazem o plantio, preferindo repassar as sementes para outros produtores.
O cadastro no programa é um dos meios para comprovação da atividade de agricultor para obtenção de benefício social da aposentadoria rural. "O programa é bom, traz muitos benefícios, mas precisa ter fiscalização", observa o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Iguatu, Evanilson Saraiva. Outra queixa refere-se ao impedimento de novos cadastros. "Há muitos agricultores que estão fora, precisando ser beneficiados, mas o governo não abre novas inscrições", observou o diretor do STR, Sebastião Alves.
Na manhã de ontem, o agricultor familiar Pedro Souza reclamou que há três anos tenta se cadastrar no programa, mas não há disponibilidade de novas vagas. "Sei de agricultor que não planta, mas recebe a semente", frisou. "Quero plantar, e não consegui fazer o meu cadastro". A distribuição de sementes vem beneficiando milhares de agricultores familiares.
Evolução
Além das sementes, o Programa Hora de Plantar passou a incentivar e distribuir mudas de cajueiro, manivas de mandioca e raquetes de palma forrageira. Para 2015, incorporará a distribuição de mudas de espécies nativas e exóticas para recuperação de áreas degradadas, de matas ciliares e implantação de florestas para produção de madeira. O esforço do governo é oferecer, como alternativa, o cultivo de palma forrageira, para alimentar o rebanho no período de escassez do pasto nativo.
Em 2015, foram ofertadas 3.575,2 toneladas (t) de sementes de diversas culturas: 450 t de milho variedade, 2.300 t de milho híbrido, 500 t de feijão caupi, 50 t de feijão phaseolus, 160 t de sorgo forrageiro, 55 t de mamona, 10 t de algodão, 10 t de feijão-guadu, 30 t de amendoim, 10 t de capim andropogon e 0,2 t de gergelim, além de 10.000m³ de mandioca, 500 mil mudas de cajueiro anão precoce, 7.800 raquetes de palma forrageira, 26 mil mudas de espécies florestais nativas e 79.140 mudas de espécies florestais exóticas. Foram beneficiados 130 mil agricultores de base familiar, de 182 municípios cearenses.
O programa é coordenado pela SDA, por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento e Agricultura Familiar (Codaf), e tem vários parceiros, como a Ematerce, o Instituto Agropolos, secretarias de agricultura municipais, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) e seus sindicatos.
Para o titular da SDA, Dedé Teixeira, o programa já virou política pública no Ceará, diante da sua importância para o agricultor familiar. "O Hora de Plantar já aumentou a renda de vários agricultores familiares. O programa está sempre focado em melhorar a qualidade de vida desses agricultores", disse. Destacou, ainda, que o Estado vai manter e ampliar a distribuição de sementes no próximo ano.
Honório Barbosa
Colaborador
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