Influenciado sobretudo pelo cancelamento de vagas na indústria da transformação, na construção civil e no comércio, o saldo de geração de empregos entre os meses de maio e junho, no Ceará, foi negativo pela primeira vez em 19 anos. Com 100 postos de trabalho perdidos no período, o Estado apresentou retração de 0,01% no total de empregos celetistas (com carteira assinada), segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
De acordo com os dados do Caged, o saldo cearense de 100 vagas perdidas foi o 19º pior no ranking nacional. O último resultado negativo do Estado havia sido registrado em 1995, quando 235 postos de trabalho foram cancelados entre maio e junho.
A indústria de transformação do Ceará foi responsável pelo fechamento de 759 vagas em junho deste ano, frente ao mês imediatamente anterior. Já a construção civil e o comércio desativaram, respectivamente, 457 e 373 postos de trabalho. A agricultura, por sua vez, teve saldo de 739 novas contratações, sendo seguida pelo setor de serviços, com 634 novas oportunidades geradas no período.
Conforme o coordenador de Estudos e Estatísticas do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), Pedro Jorge Viana, a redução do número de empregados na indústria reflete a situação atual do setor, que enfrenta as incertezas ligadas ao futuro da economia brasileira. "É natural que a indústria tente diminuir os seus custos. Não é o que nós desejávamos, mas a conjuntura econômica do País está determinando esse comportamento", aponta.
As previsões cada vez menores para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, acrescenta, é um dos fatores que têm retraído os planos de novos investimentos por parte dos industriais.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, a redução apresentada pelo segmento em junho foi uma "queda pontual", causada principalmente pelos feriados resultantes da Copa do Mundo, durante a qual as construtoras evitaram fazer novas contratações. "Além disso, 450 empregos, de um universo de 90 mil, é muito pouco, não é realmente uma retração", frisa.
Acumulado
Apesar do resultado negativo em junho, o nível de emprego, no acumulado dos últimos 12 meses, teve alta de 4,07% no Ceará, com a geração de 46.953 novos postos. De acordo com o Caged, o resultado nesse intervalo foi o melhor do Nordeste.
Em todo o Brasil, foram gerados 25.363 empregos celetistas entre maio e junho deste ano, o que representou expansão de 0,06%. Esse resultado foi o menor saldo de criação, para um mês de junho desde 1998.
Já nos últimos 12 meses, foi registrada no País a criação de 763.499 postos de trabalho, o que correspondeu a um crescimento de 1,89% entre junho de 2013 e igual mês deste ano.
MTE reduz projeção para geração de vagas no ano
Brasília. O Ministério do Trabalho reduziu a previsão para a geração de empregos com carteira assinada em 2014 de 1,4 milhão para 1 milhão de postos. O número se refere à diferença entre contratações e demissões.
A revisão se deve ao resultado do primeiro semestre do ano, quando foram abertos 588.671 novos postos de trabalho formal, segundo dados do Caged divulgados nesta quinta-feira (17).
Esse é o menor saldo para esse período do ano desde 2008 (397.936 vagas).
O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que a projeção anterior não contemplava os resultados ruins da indústria. Ele disse que a economia brasileira não está indo mal. "A gente não está tendo aquele crescimento que tivemos, mas o nosso PIB continua positivo, e a geração de emprego continua positiva".
Fonte: Diário do Nordeste