São 417 anos de espera para que o padre José de Anchieta seja finalmente declarado santo pelo Vaticano. O reconhecimento porá fim a um dos mais longos processos de canonização da história, que começou em 1597, ano de sua morte. Para assinar o decreto que transformará o religioso em santo, o papa Francisco vai abrir mão da comprovação dos milagres. Tradicionalmente, são necessários pelo menos dois para que alguém seja declarado santo --um para a beatificação, outro para a canonização. Anchieta não tem nenhum.
"Em vida ele conseguiu vários, mas após sua morte são inúmeros os milagres e as graças atribuídas por sua intercessão", afirma o padre César Augusto, vice-postulador da causa que atuou como uma espécie de advogado de defesa da canonização.
Padre Augusto explica, porém, que obstáculos como a falta de exames médicos dificultavam a comprovação desses feitos --para que os milagres sejam reconhecidos, é preciso provar que não existe explicação científica para o fenômeno. No Brasil, pelo menos três milagres atribuídos a Anchieta eram acompanhados pela Igreja Católica, mas a dificuldade em comprová-los levou a uma mudança de estratégia. A alternativa foi investir na amplitude da devoção e provar que Anchieta já tinha seguidores e fiéis. Deu certo.
"Podemos assegurar, com nomes e endereços, que Anchieta possui mais de cinquenta devotos e multiplicadores de sua causa em cada Estado, sem falarmos da forte devoção nas Ilhas Canárias", afirma padre Augusto.
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