Integrante da cúpula da Marinha e almirante-de-esquadra, o cearense Flávio Rocha não será mais secretário de Segurança Nuclear e Qualidade da Força e deve ficar sem cargo executivo até ir para reserva no ano que vem. Conforme apuração da Folha de S. Paulo, seu afastamento acontece por pressão do Ministério das Relações Exteriores (MRE) diante da atuação do militar no governo de Jair Bolsonaro (PL) e das atribulações com o setor da Marinha no governo Lula.
Rocha foi muito próximo de Bolsonaro, tendo sido, em 2020, convidado para ser secretário de Assuntos Estratégicos. Ele chegou a assumir a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) de forma interina. Nascido em Fortaleza, Ceará, iniciou a carreira militar em 1981. Como Oficial da Marinha, foi seis vezes titular de unidade militar.
Também como almirante, foi o responsável pelas Relações Internacionais e pela formulação da Política, Estratégia e Doutrina da Marinha do Brasil, incluindo o Planejamento Estratégico da Marinha. No cargo, chefiou delegações da Marinha em reuniões bilaterais com países da América do Norte e do Sul, Europa, África e Ásia.
Ele seria um dos que participou de reuniões "secretas" de Bolsonaro com comandantes militares logo após o segundo turno das eleições presidenciais em 2022. Os encontros não constavam nas agendas oficiais do ex-presidente nem dos oficiais e foram obtidos nos e-mails da presidência que foram deletados, mas permaneceram na lixeira.
No papel, o militar foi nomeado em 10 de março como assessor do gabinete do comandante Marcos Sampaio Olsen, atual comandante da Marinha. No entanto, na prática, ele assumiu as funções de secretário naval de Segurança Nuclear e Qualidade, na Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Força.
Após participações em eventos internacionais, sua presença, conforme a Folha, gerou incomodo pela presença de um militar em um evento civil que tratou de assuntos militares. Já aliados de Rocha na Marinha viram no episódio "pura inveja", sob a alegação de que ele é um bolsonarista. Sua saída teria acontecido por pressão do Itamaraty no Ministério da Defesa para remover o almirante de funções executivas.
O POVO