Foto: Arquivo Pessoal |
A noite do empreendedor de confecção Hederson Goes, 35 anos, terminou com o que ele classificou como um "ato de covardia" nesta terça-feira (19). Ele foi confundido com um torcedor do clube rival e agredido por várias pessoas que apoiam o clube pelo qual ele torce e até mesmo já jogou. Um vídeo feito pelos agressores mostra Hederson caído ao chão enquanto sofre chutes na cabeça.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, em nota, que a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) acionou a Polícia Militar do Ceará (PMCE) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para atender a ocorrência.
Morador do Bairro João XXIII, Hederson relatou ter pedido uma corrida de motocicleta por aplicativo para retirar um pedido em um restaurante no Bairro Parangaba. No trajeto, ele e o condutor do veículo se depararam com um trânsito intenso em razão de um evento nas proximidades da sede do Fortaleza.
Quando Hederson pegou o celular para fazer um Pix para o condutor, ele foi cercado pelo grupo de torcedores. Eles abordaram questionando se ele fazia parte da Cearamor, torcida rival, e se estava usando o aparelho para filmar a situação, o que foi negado pela vítima.
"Eu torço Fortaleza, realmente. Já toquei na bateria da TUF, participei de torcida organizada e já joguei na base do clube também", afirmou ao g1. Mesmo alegando apoiar o Fortaleza, ele foi derrubado e espancado com chutes e pisões, além de ser roubado por um dos homens.
"Roubaram celular, carteira, cordão, blusa, sandália, tudo meu", disse, apontando ter desmaiado três vezes durante a ação. A agressão foi filmada por um dos torcedores envolvidos e compartilhada em grupos de WhatsApp, tendo chegado à família.
Após a saída do grupo, Hederson acordou e andou até chegar a um ponto com mais movimento. No caminho, ele disse ter se deparado com o motorista de aplicativo que o atendeu.
"Ele foi uma pessoa que veio aqui na casa do meu pai, que chamou uma viatura também", afirmou, acrescentando que o condutor da motocicleta ficou com ele após a agressão até a chegada da polícia e de uma ambulância. Aos agentes, ele mostrou a corrida ainda em andamento no aplicativo.
Posteriormente, ele foi socorrido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), onde fez exames e ficou sob cuidados médicos até por volta das 12h da quarta-feira (19). Ele não sofreu fraturas — o que atribui ao preparo físico por lutar muai thay —, mas ficou com diversos ferimentos pelo corpo.
"Não tenho palavras para poder dizer o quanto tô feliz por ter conseguido sobreviver. Não foi somente um ato de covardia do ser humano, mas também uma grande tristeza de ter passado por aquilo".
Ainda segundo a SSPDS, a Polícia Civil do Ceará (PCCE) orienta que a vítima procure uma unidade policial para registrar Boletim de Ocorrência (BO) e repassar mais informações sobre o caso. O 27º Distrito Policial (DP) é a unidade responsável por investigar os crimes ocorridos nessa região, apontou a pasta.
Posicionamento do clube
A assessoria de imprensa do Fortaleza afirmou ao g1 que o clube "não realizou a organização", a qual foi "feita de forma independente por seus torcedores". No entanto, o clube afirmou que o ato é "algo a se repudiar".
Além disso, o clube ressaltou que "a instituição e o Presidente Marcelo Paz reforçam a luta do Fortaleza em torno de identificar e punir" associados ao time envolvidos em atos ilícitos.
G1 CE