Bolsonaristas não têm motivo para se queixar do Nordeste, região em que o presidente Bolsonaro teve expressivo aumento de votos nestas eleições em relação ao pleito de 2018. O maior incremento foi no Ceará, onde conquistou 300 mil votos a mais do que na anterior, evolução de 30%, o maior desempenho entre os demais estados. Em todo o Brasil, Bolsonaro obteve 1.795.335 votos a mais que os 49.277.010 coletados em sua primeira disputa presidencial.
Jair Bolsonaro terminou o primeiro turno de 2018 com 21,7% dos votos válidos, figurando em terceiro lugar na preferência dos cearenses, atrás de Fernando Haddad (33,1%) e Ciro Gomes (41%). No atual pleito, Ciro perdeu até o rumo da Casa. Caiu do primeiro para o terceiro lugar, com apenas 6,8%, Lula amealhou a grande maioria (65,9%), enquanto Bolsonaro passou para o segundo lugar, com 25,4%. Crescimento exato de 29,8% em cima do terreno perdido por Ciro Gomes.
O candidato do PL aumentou seu capital de votos em todos os estados nordestinos. Logo em seguida ao melhor desempenho no Ceará, seguiram-se Sergipe (22%), Maranhão (20,3%) e Bahia (18,7%). Os demais, pela ordem: Alagoas (17,6%), Piauí (17,3%), Rio Grande do Norte (15%), Pernambuco (12,9%) e Paraíba (5,8%). Houve quebra de votos em três dos quatro estados do Sudeste, embora tenha vencido em todos, menos nas Gerais: Rio de Janeiro (-5,4%), Minas Gerais (-1,3%) e São Paulo (-1,1%). Só obteve crescimento no Espírito Santo (3,3%). Já no Sul, só perdeu votos no Rio Grande do Sul (-3,2%).
Apesar do expressivo crescimento de votos, Bolsonaro perdeu para Lula em todos os estados do Nordeste, o que provocou a grita de bolsonaristas preconceituosos contra nordestinos. Tanto Lula quanto sua força auxiliar militante na mídia tentam explorar o fato para criar antagonismo e aumentar a rejeição contra o atual presidente. O governo agiu firme para beneficiar o Nordeste, desde a efetivação da transposição das águas de São Francisco, quanto o Auxílio Brasil, cujo maior beneficiário está em nossa região.
Bolsonaro ajudou a tocar fogo na polêmica ao comentar manchete do próprio UOL: “Lula vence em 9 dos 10 estados com maior índice de analfabetos”. O repórter começou assim a matéria. Em Alagoas, estado maior taxa de analfabetismo, Lula conseguiu a maioria dos votos. Já no Rio de Janeiro, estado com a menor taxa, os votos foram majoritariamente para Jair Bolsonaro. Bolsonaro chegou à mesma conclusão. Até aí, é um fato, mas ele acrescentou a falta de cultura, o que denota confusão com os conceitos. Apesar do alto índice de analfabetos, Nordeste preserva uma das mais ricas culturas do Brasil. Quem não entende isso, é analfabeto cultural, tá ok?
Izolda Cela, certamente para mostrar serviço, foi às redes acusar o presidente da República de xenofobia, que não conhece o Brasil. Num texto cheio de pleonasmos, a governadora lembrou que o analfabetismo é um problema brasileiro. É verdade, mas a taxas do Nordeste (16%) ´é mais que o dobro da nacional (6%).Além disso, Ceará teve crescimento no número de analfabetos no último levantamento do IBGE. Mesmo com o Programa de Alfabetização na Idade Certa e com as 87 melhores escolas do Brasil no Ceará.
Por Luciano Clever / Sistema Paraíso